Durante um ano e meio, 115 hortelões do parque José Avides Moreia, que fica no Centro Hospitalar Conde Ferreira no Porto, estiveram debaixo de olho. Paulo Nova, nutricionista e investigador da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, quis atestar como é que uma horta urbana e biológica influenciava na saúde e qualidade de vida de quem cuidava dela. Os resultados surpreendem, até o investigador. “Já havia literatura a nível mundial sobre o papel da horticultura na melhoria do bem-estar, mas nós fomos mais adiante e obtivemos resultados inéditos”, conta.
A amostra abrangeu pessoas dos 24 aos 70 (30% de reformados) com um nível alto de escolaridade e expostos pelo menos há seis meses aos efeitos de cavar. Neles, Paulo Nova detetou diferenças nos comportamentos de saúde, como praticar mais exercício, mudanças na alimentação (redução do consumo de doces e aumento dos laticínios, por exemplo), melhoria do bem-estar físico e mental (menos dor, mais vitalidade, especialmente entre os idosos) ou diminuição do número de cigarros (aliás, houve sete casos que deixaram mesmo de fumar).
“Desta análise precoce, concluímos que os hortelões se sentiam bem com o contacto com a natureza e a socialização e que por isso acabavam por mudar comportamentos em outros aspetos da sua vida. Para sabermos realmente porque uma simples horta influencia em tantos fatores teremos de ir mais longe”, garante, ao mesmo tempo que revela como gostava de investigar a relação da horticultura na sintomatologia de doenças como diabetes, cancro ou depressão.