Astronauta, veterinário(a), jogador(a) de futebol, cabeleireiro (a). Todos sonhávamos ser algo “quando fôssemos grandes”. Mas quando os centímetros aumentam (e a idade também), o emprego de sonho não é, na maioria das vezes, sinónimo de realidade. Logo a começar porque nem todos nascem apaixonados por algo em particular ou a saber precisamente aquilo que quer.
Descobrir aquilo que se gosta de fazer é, para muitos, um processo longo, que mistura experiências pessoais, de auto-conhecimento e de convívio social.
Scott Dinsmore, criador da plataforma Live Your Legend – Change the World by Doing What You Love, que liga várias pessoas e as ajuda a encontrar a sua paixão, partilhou numa TED Talk aquilo que, para ele, são os três melhores caminhos para se encontrar um trabalho que realmente nos faça sentir realizados.
1 – Tornar-se um especialista do “eu”
Não se tratar de olhar muitas vezes para o reflexo do espelho, mas sim para o interior. Descobrir quais são os pontos fortes, que coisas levam os outros a agradecer-nos por as termos feito. Para Scott, a pergunta mais importante é: “o que é que eu não posso não fazer?”.
Basta pensar que atividades nos dão mais prazer, que funções adoramos desempenhar no dia-a-dia. Ao fazer este exercício várias vezes, torna-se mais fácil sermos especialistas em… nós próprios.
Além de descobrir os nossos pontos fortes, devemos refletir acerca dos nossos valores. Quando precisamos de tomar uma decisão, com o que é que nos preocupamos em primeiro lugar? A família, a saúde ou o sucesso são os exemplos dados. É preciso termos em mente aquilo que valorizamos para não cometermos o erro de nos “aventurarmos” nalguma profissão que deixe para segundo plano algo que, para nós, é uma prioridade.
E por fim, para nos conhecermos verdadeiramente, temos que olhar para as nossas experiências. Todos os dias aprendemos algo – fazemos coisas que adoramos, que odiamos e que nos são indiferentes. E se pensarmos bem nelas, percebemos que há certas coisas que nos fazem realmente sentir bem. Outras, nem tanto.
Devemos pensar nas experiências que nos trouxeram sucesso, mas também nas que nos “deitaram abaixo”. Porque, de cada uma delas, há sempre uma lição a retirar. Ao refletirmos sobre estas situações, podemos (e devemos) aplicar nas nossas vidas todas essas aprendizagens de modo a sermos o mais bem sucedidos possível.
Ter um diário é uma boa aposta para irmos apontado estas mesmas experiências, mas também as dos outros. Se olharmos para alguém e acharmos que aquilo que essa pessoa faz é extraordinário, devemos apontá-lo, refletir sobre isso, e seguir o exemplo.
2 – Fazer o impossível
O escritor identifica dois tipos de pessoas: as que não fazem certas coisas porque se convenceram que não conseguiam, e outras porque lhes disseram que não conseguiam. Desta forma, ou desistimos de fazer algo ou nem sequer tentamos. E é precisamente isto que deve ser contrariado.
Porque “tudo é impossível até alguém o fazer”. Esta é a frase que melhor caracteriza a mensagem que Scott quer passar. Basta ter em mente que muitas das melhores invenções chegaram a ser consideradas “loucuras”.
Devemos puxar por nós mesmos e fazer coisas que nunca nos imaginamos a fazer. A sensação que este tipo de experiências nos dá é tão gratificante que pode mesmo fazer com que nos apercebamos que é mesmo “disto” ou “daquilo” que gostamos de fazer. E quanto mais cedo fizermos estes exercícios, mais longo é o futuro (potencialmente) brilhante que temos pela frente.
E se, mesmo depois de nos mentalizarmos de certas coisas, sentirmos que não as conseguimos fazer, há que conhecer pessoas que o façam. Que todos os dias se desafiem a elas mesmas. E esta é a terceira dica de Scott.
3 – Rodear-se de pessoas inspiradoras
Se convivermos regularmente com pessoas que são apaixonadas por algo, que fazem coisas gratificantes todos os dias, também nós procuraremos ser mais proativos, mais ambiciosos e, sobretudo, mais apaixonados.
Um estudo de 1898 provou isto mesmo. Norman Triplett cronometrou os tempos de alguns ciclistas em pista – individualmente e em grupo. Nesta segunda condição, os atletas conseguiam sempre melhores tempos do que quando se encontravam sozinhos. E este estudo foi aplicado a diversas áreas, sempre com a mesma conclusão – as pessoas à nossa volta determinam o nosso próprio desempenho.
Ou seja, se escolhermos pessoas inspiradoras, que sejam um exemplo para nós, para conviver no dia-a-dia, também nós procuraremos ser melhores. Todos os dias.
Não nos devemos deixar ficar com um mero “como é possível?”. Devemos ir mais longe e pensar antes “como poderia não ser possível?”. E esta mudança de pensamento requer outras mudanças. Requer uma reflexão sobre estas três dicas que, não sendo infalíveis, são uma maneira de começar. E é exatamente no começar que está o ganho.