Portugal surge na 31ª posição entre os (quase duzentos) territórios que constam no ranking da revista The Lancet, com um índice de acesso e qualidade dos serviços de saúde de 85 pontos (em 100). A avaliação teve como base o número de mortes que poderiam ser evitadas caso os serviços de saúde funcionassem a 100%. Ou seja, foram tidas em conta as mortes devido a causas que, a ser bem acompanhadas e tratadas, não provocariam a morte.
O País obteve o valor máximo no que toca ao tratamento da difteria (doença infectocontagiosa, que afeta sobretudo as vias respiratórias) e do tétano (infeção causada por uma bactéria, mas que pode ser prevenida com vacinação). O pior cenário surge associado ao tratamento da leucemia. Portugal foi avaliado com um índice de 59 neste campo.
Porém, há que lembrar que têm sido registados alguns avanços. Em setembro de 2016, por exemplo, um grupo de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, no Porto, descobriu uma nova terapia (em alternativa à quimio) para um tipo específico de leucemia que afeta sobretudo crianças e jovens.
A evolução do índice de acesso e qualidade da saúde em Portugal registou um aumento de cerca de 17,3 pontos. Isto quer dizer que, em 1990, o País apresentava um índice situado nos 67,2 e que, até 2015, foi sempre a crescer. Mas, em comparação com os países da Europa Ocidental, Portugal figura no fim da tabela, depois da Grécia.
Apesar de os países em desenvolvimento se encontrarem no fundo do ranking, não significa que os países desenvolvidos estejam livres de muitas fragilidades. Neste último grupo, há algo que não se mostra equilibrado: a proporção de mortes causadas pelos “garbage codes” (causas de morte que, supostamente, não são fatais, como a hipertensão). Na Finlândia, a percentagem é de 7,9% mas em Portugal chega aos 39,8%.
Andorra foi o país com o maior Índice de acesso e qualidade aos serviços de saúde. Numa escala de 0 a 100, o país conseguiu 95 pontos. O valor mais baixo que registou foi de 82, relativo ao tratamento do cancro de pele não-melanoma. Estes valores estão associados ao sistema de saúde do país, no qual a Segurança Social devolve 75% do valor investido em tratamentos básicos e 90% no caso de cirurgia ou hospitalização.
Com 90 pontos, Espanha surge em oitavo lugar da lista, depois de países como Suécia, Noruega, Austrála e Finlândia.
Abaixo na lista, surgem os EUA com 81 pontos, quase a mesma pontuação que Montenegro, Hungria e Polónia. Poucos países pagam tanto por cuidados de saúde como um paciente americano – uma cirurgia ao joelho, por exemplo, pode custar cerca de 25 mil dólares (22 mil euros).
A nível global, o documento, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, realça que apesar das melhorias nos tratamentos médicos nas últimas décadas, ainda existem muitas diferenças entre países. A região de África Subsaariana e sul da Ásia são exemplos dos piores sistemas de saúde: nas últimas 20 posições da lista, a maioria dos países africanos têm pontuações abaixo dos 45.