Todos os grupos artísticos que fazem parte do Festival Ajudada têm elementos que também foram afetados pelo incêndio que, na última edição, do Festival Andanças destruiu mais de 450 viaturas num dos seus parques de estacionamento. Ao longo de três dias, de 19 a 21 de maio, na SMUP – Sociedade Musical União Paredense, na Parede, na Linha de Cascais, as pessoas vão juntar-se para através da música e da dança popular angariarem fundos para os lesados deste incidente. “As oficinas têm sempre ligação com os bailes que acontecem à noite”, explica Juanra Campos, um dos organizadores. Quem não sabe nada de danças europeias, por exemplo, depois do workshop estará pronto para um pezinho de dança nos bailes.
Este festival é uma das iniciativas organizadas pela rede solidária Ajudada, formada por pessoas, algumas afetadas pelo incêndio, outras não, que sensibilizadas pelas perdas de cada um, se uniram para ajudar. Nas semanas e meses seguintes ao incêndio de dia 3 de agosto de 2016, mais de 60 pessoas organizaram-se para dar boleia, emprestar materiais ou instrumentos musicais, bem como apoio psicológico e jurídico – tudo de forma voluntária e gratuita. Entretanto, foi criado um Fundo Comum para que o apoio financeiro fosse além da ajuda informal de verbas reunidas em pequenos bailes. Para Rui Leal, antigo coordenador do Andanças e um dos dinamizadores da Ajudada, o dinheiro vai servir para ajudar as cerca de 80 pessoas que responderam a um questionário, demonstrando necessidades financeiras para ultrapassar os danos do incêndio. Na sua opinião, dos cerca de 450 donos de viaturas destruídas no incêndio, um terço pode ter resolvido o problema com as suas seguradoras ou com dinheiro próprio, enquanto outro terço apostou na via judicial para serem ressarcidos.
Seis meses após o incêndio, a 2 de fevereiro, o Ministério Público anunciou o arquivamento do inquérito ao incêndio. O despacho final do MP concluiu que, “realizadas todas as diligências, não foi possível apurar quaisquer indícios que permitissem concluir que o fogo tivesse sido ateado de forma deliberada ou intencional”. E acrescenta que “também não foi possível recolher indícios que permitissem apurar as circunstâncias concretas em que o mesmo ocorreu, nem a eventual responsabilidade negligente de alguém.”
Já se sabe que o 22.º Festival Andanças, que se realiza desde 1996, vai voltar à carga este verão. Depois de uma situação infeliz e inesperada na última edição, a Pédexumbo, Associação para a Promoção da Música e Dança e organizadora do festival, anunciou que a programação será reduzida para quatro dias (8 a 11 de agosto), em vez de uma semana, e mudam se sítio. Mantendo-se em Castelo de Vide, no Alto Alentejo, o Andanças deixa as margens da albufeira de Póvoa e Meadas, uma área de 28 hectares, para as imediações da vila, junto a uma ribeira. Para a organização do Andanças é tempo de “repensar o festival e reforçar os seus objetivos”.
Festival Ajudada Andanças 2016 > SMUP – Sociedade Musical União Paredense, R. Marquês de Pombal, 319, Parede T. 21 457 1325 > 19-21 mai, sex-dom > Bilhete 3 dias €45 compra antecipada, €55 compra no local > Bilhetes diários €15 (sex), €30 (sáb), €10 (dom) > Entrada livre para menores 12 anos
Os donativos podem ser feitos através de transferência bancária para o NIB/IBAN: PT50019300001050077440082
PROGRAMA
19 mai, sex 19h-2h
Bailes: String Fling (21h) e Ó Chibinha (23h), Jam Session (00h30)
20 mai, sáb 10h30-2h
Workshops: biodanza (10h30), tap dance (11h30), voz (15h), guitarra (15h), danças tradicionais do mundo (17h)
Bailes: 2 ao Quadrado (18h30), CindaZunda (21h) e Duovidozo (23h), Jam Session (00h30)
21 mai, dom 10h30-17h
Workshops: Stretching/alongamentos (10h30), danças orientais (12h)
Bailes: Ahkorda Duo (15h)