A publicidade aparecia numa página inteira de um diário e mostrava o corpo de uma mulher despida ao lado das frases: “Não fiques obcecado por ela! Também podes ter uma igual…a cabeleira comprida”. A questão é que se trata de um anúncio a produtos capilares – e isso, no entender do juiz de Barcelona que decretou a proibição, não justifica a associação da imagem ao produto. Ao reiterar a sua decisão, lembrou que a mulher ali é usada como mero objeto e serve apenas para chamar a atenção. O abuso valeu ainda aos responsáveis a acusação de publicidade ilícita e concorrência desleal. Além disso, esta promoção ao champô anticaspa VR6, que apareceu pela primeira vez em maio de 2016, foi já considerada como a pior do ano, segundo os consumidores espanhóis.
Na sua decisão, contada pela agência Europa Press, que teve acesso à sentença, o juiz sustenta que “existe uma desconexão total e absoluta entre a nudez da mulher e o produto promovido”, dando assim razão ao processo movido por uma organização espanhola sem fins lucrativos – e que se dedica a defender os direitos dos cidadãos e a sua relação com os diferentes meios e sistemas de comunicação e com as novas tecnologias de informação.
Parece ser um movimento que alastra: em França, e depois da polémica em volta do anúncio da Yves Saint Laurent, que segundo os seus críticos transmitia uma imagem degradante da mulher (e que levou os responsáveis a cancelarem a campanha) eis que a autarquia da capital francesa também fez agora saber que ia decretar, até ao final do ano, a proibição total de todo e qualquer anúncio sexista e discriminatório. Segundo avança a Business Insider, serão vedados à publicidade os retratos considerados estereótipos sexistas, imagens homofóbicas, que façam a discriminação de minorias ou grupos religiosos, ou outras que sejam degradantes ou ofensivas representações de mulheres ou homens.
No ano passado, fora o autarca de Londres a decidir que também não haveria mais imagens de “modelos absurdamente magras nem homens excessivamente musculosos” nos anúncios dos transportes públicos da cidade, nem quaisquer outras “pessoas perfeitas” que fazem quem as vê sentir vergonha de si mesmo.
“Toda a publicidade que usar imagens não-saudáveis do corpo humano será removida”, garantiu Sadiq Khan. Guillaume Barazzone, mayor da cidade suíça de Genebra, anunciou de imediato que ia seguir-lhe as pisadas.