Pedro Graça não é o só a voz que, na Bolsa de Especialistas da VISÃO, fala sobre nutrição. É também o coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direção-Geral da Saúde, e um dos investigadores que, nos últimos dois anos, estudou os hábitos alimentares (e e atividade física) dos portugueses. O seu texto resume bem o panorama nacional.
E que conselhos deixa ele?
1. MAIS FRUTA
Cada adulto deve comer 400g de frutos e hortícolas por dia, o correspondente a cinco porções, que podem duas sopas por dia (“aí, já está protegido”), a que se devem acrescentar, idealmente, três peças de fruta (mas sopa ou frutas podem ser substituídas por acompanhamentos, como saladas, por exemplo).
O incumprimento desta regra de ouro atinge 69% dos portugueses (um número que se situa nos 66%, entre as crianças e adolescentes), patamar que deve ser melhorado, por exemplo, promovendo as espetadas de fruta ou outras formas de comer que quebrem a inércia do “ter de descascar”.
“Diz-me quantos frutos e hortícolas comes, dir-te-ei o risco que corres”, diz, adaptando um conhecido provébio popular.
2. MENOS REFRIGERANTES
Há anos que se fala do assunto e os impostos até subiram, para as bebidas mais calóricas. Mas a verdade é que tudo o que se disse ainda não surtiu efeito: 17% dos portugueses consomem um ou mais refrigerantes por dia. Nos adolescentes, este número sobe para 31% nas raparidgas e 49% nos rapazes.
Para Pedro Graça, se houvesse mais água disponível, com facilidade, no metro, nas estações de combóio ou se nos restaurantes não fosse paga, “era um ganho.”
3. NÃO ABUSAR DO ÁLCOOL
O slogan “Se conduzir não beba” entrou bem na cultura portuguesa. Os acidentes de viação diminuiram drasticamente desde que, em Portugal, se tomou consciência que álcool e condução são totalmente incompatíveis.
No extremo oposto da equação está a ideia de que “um copo de vinho por dia faz bem à saude”. A ideia está correta, o problema é que “25% dos portugueses não cumprem. Abusam”, ingerindo uma quantidade de álcool diária totalmente “inapropriada”. Trata-se de uma questão cultural, garante o especialista. Os homens ingerem 60g de álcool por dia (as mulheres ingerem exatamente metade). Pedro Graça faz um apelo generalizado: “o consumo de álcool tem de ser visto como uma ameaça à saúde.”
4. EVITAR O SAL
O excesso de sal é outro problema grave na saúde dos portugueses. 65% das mulheres e 86% dos homens têm uma “clara tendência para o excesso de sal”, o que quer dizer, garante Pedro Graça, que praticamente “não há homem que não vá morrer com um AVC (acidente vascular-cerebral) ou hipertensão. Não vejo como não há alarme social” quando se fala nestes termos.
5. VITAMINAS E DESPORTO
Outra quetsão que existe mas “nem devia existir”, é a das vitaminas. 21% das mulheres e 23% dos homens não consome vitamina C suficiente. E quando se fala de cálcio… 47% das mulheres não ingere a quantidade que devia. “Há agora essa moda, há recei de beber leite”, diz Pedro Graça, preocupado com a qualidade óssea de mais e menos jovens. Se fizessem desporto… teriam ossos mais protegidos, mas nem isso acontece.
Um terço dos adultos, refere o inquérito, nunca usa escadas em vez do elevador. 87% das crianças passa até 2H por dia à frente da televisão. O sedentarismo ou inatividade contribui, em grande medida, para a obesidade, que afeta mais de um quinto dos portugueses (a obesidade atinge 7,7% das crianças até aos 10 anos, 8,7% dos adolescentes, 21,6% dos adultos e 39,2% dos idosos). Se à obesidade se juntar a pré-obesidade, rapidamente se chega a metade da população. E é importante que se tenha em consideração que “o peso a mais condiciona os diabetes, a hipertensão, o cancro…”