John Mighton, ele próprio alguém que tinha, enquanto aluno, muitas dificuldades em matemática, apercebeu-se da existência de dois grandes problemas com o ensino da disciplina. Em primeiro lugar, as matérias são dadas muito rapidamente, passando de aspetos concretos para abstratos de forma acelerada, algo que, para ele, acaba por sobrecarregar os cérebros das crianças. Em segundo, há uma tendência para se dividirem as turmas mediante as capacidades dos alunos. No entanto, estas hierarquias não motivam os mais fracos, nem fazem os mais fortes melhorar.
Por isso, quando John Mighton se formou e se tornou matemático, um dos seus grandes objetivos era perceber de que forma poderia ajudar as crianças de forma a não terem uma luta com a disciplina tão grave como ele próprio experienciou, assim explica na palestra de apresentação do projeto, no TEDx.
Foi então que decidiu fundar a JUMP MATH, uma organização de caridade que tem o objetivo de criar uma “sociedade numerada”. Dedica-se a incentivar as crianças e a aumentar o seu potencial para entender e amar a matemática, desmitificando a ideia de que ou se nasce para a matemática, ou então não há nada a fazer.
Mas não só. Para que as crianças consigam aprender, é preciso que os professores utilizem boas estratégias de ensino. Contudo, para as utilizar, é preciso conhecer bem a matemática. Neste sentido, a JUMP MATH tem também o objetivo de dar aos professores os materiais e treino necessários, no sentido de os tornar capazes de compreender bem a matemática e de a passar eficazmente aos alunos.
E, afinal, em que é que consiste este método? Ao site Quartz, o fundador do JUMP MATH diz que, no Canada e nos EUA, se tem uma abordagem de “descoberta”, onde é apresentado um problema aos alunos, deixando-os a descobrirem, por eles próprios, os conceitos e a resoluções.
A principal dificuldade com uma abordagem deste género tem a ver com a grande quantidade de informação que é apresentada aos alunos, de uma só vez, e com a independência que lhes é dada, diz John Mighton. Os professores, aqui, não têm um papel tão participativo e direto, deixando que muitas crianças, que não têm as ferramentas necessárias para descobrir as respostas sozinhas, se sintam frustradas.
Portanto, o matemático defende uma abordagem passo a passo e acredita que as crianças têm mais sucesso se a matemática for dividida e explicada em partes ou componentes. “A matemática é como uma escada – se perdermos um passo, é difícil continuarmos. Há um conjunto de sequências”. Além disso, é importante ensinar a turma toda, em conjunto, e não dividi-la em partes – os estudos que realizaram revelam que se se ensinar para toda a turma, toda a turma fica melhor.
Este programa já chegou a 15 mil alunos nos EUA, a mais de 150 mil no Canadá e a cerca de 12 mil em Espanha. As aplicações do método têm revelado grande sucesso por parte dos alunos. No estudo piloto na Manhattan Charter School, os alunos de quatro turmas tiveram o maior aumento de notas em toda a cidade de Nova Iorque.
“O aspeto principal acerca do programa JUMP é que se começa pequeno e se progride, em passos muito pequenos, para um nível muito sofisticado, num período relativamente curto de tempo”, disse Nikki Aduba, uma consultora do projeto, ao Quartz. “Restaurou a confiança das crianças que pensavam que não conseguiam e que, de repente, eram capazes”.