Quantas vezes já foi a uma urgência e lhe receitaram antibiótico sem sequer o auscultar? Com o novo teste desenvolvido pela Minicare HNL, um consórcio de investigação formado pela P&M Venge AB, da Suécia, e a Philips Electronics, dos Países Baixos, essa realidade pode mudar. Basta uma picada no dedo e em menos de dez minutos é possível diagnosticar se existe uma infeção bacteriana e determinar assim se o paciente pode ser tratado sem antibióticos ou se necessita mesmo deles.
Com esta inovação, o consórcio leva para casa este ano o Prémio Horizonte 2020, no valor de um milhão de euros, entregue hoje pelo comissário Carlos Moedas. Espera-se que o teste esteja à disposição dos doentes já a partir de 2018.
O português responsável pela pasta da Investigação, Ciência e Inovação, esteve na cerimónia na Universidade de Leuven, e lembrou que “a utilização excessiva ou incorreta dos antibióticos constitui um importante desafio para a saúde pública. Estamos a desenvolver esforços para que este dispositivo chegue aos doentes o mais rapidamente possível, de modo a que os antibióticos só sejam utilizados para as infeções bacterianas e não para as infeções virais, contra as quais são ineficazes ou desnecessários. Esta ação ajudará a combater o perigoso aumento da resistência antimicrobiana”.
Considerada uma das ameaças crescentes a nível mundial, a resistência antimcrobiana é uma das prioridades da UE. Estima-se que em 2050 ela seja já responsável por milhões de mortes por ano no mundo e por perdas acumuladas de mais de 90 biliões de euros para a economia mundial. Por ano, morrem atualmente 25 mil pessoas por ano vítimas desta resistência e as despesas de saúde ascendem a mais de 1500 milhões de euros.
Na cerimónia esteve também o Comissário responsável pela Saúde e a Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, que entregou o Prémio de Saúde da União Europeia. Este ano, o vencedor dos 20 mil euros foi a BEUC, uma organização de consumidores europeus, que desenvolveu a campanha de sensibilização «From Farm to You» que chamou a atenção precisamente para as causas da resistência antimicrobiana, bem como para a utilização excessiva de antimicrobianos em animais e a utilização indevida e excessiva de antibióticos na medicina humana.
Além dos vencedores, estavam também na lista de finalistas dois outros projetos. O da PulmoCheck, que está a desenvolver um dispositivo que reage num espaço de 2 a 6 minutos aos fluidos corporais resultantes de uma infeção bacteriana. E o da ImmunoPoc, que está a trabalhar num teste de picada no dedo que permitirá diferenciar as infeções bacterianas das virais num espaço de quinze minutos.