Nem ela poderia imaginar no que estaria prestes a acontecer. Magda Gomes Dias, licenciada em Estudos Europeus, tinha dado uma volta de 360º à sua vida e tornara-se blogger, formadora e coach especializada em parentalidade e educação positivas. No fundo, tinha encaminhado a sua vida para a promoção de ambientes familiares mais saudáveis, mais felizes, com menos birras, mais comunicação, menos conflitos. Começou com as consultorias em empresas, depois nasceu o blog Mum’s the boss, a seguir lançou a Escola Parentalidade e Educação Positivas (que se desloca pelo País) e o coaching a famílias. Pelo meio ainda conseguiu lançar dois livros, um sobre Crianças Felizes, outro para ajudar os pais a deixarem de gritar com a descendência.
Casada com um francês, foi uma entrevista à revista francesa Parole de Maman que lhe abriu as portas do e-fluent mums (iniciativa que pretende mostrar o impacto que a blogosesfera tem, atualmente), onde se encontraram 300 bloggers de todo o mundo. Mas não a convidaram só para participar. Quiseram que falasse cinco minutos. “Mas cinco minutos não é nada…”, pensou. Mas deu. Os seus cinco minutos foram o suficiente para John Adams, blogger inglês, resumir as suas ideias num post que publicou no seu próprio blog.
Assim, tentando retomar o fio à meada, as ideias sobre parentalidade de Magda viajaram do Porto (onde vive) até Paris, de Paris seguiram para Inglaterra (através onde John) e de Inglaterra chegaram ao Canadá, onde estão a ser aplicadas numa cadeira masculina – “a ajudar reclusos a promover melhores relações com os seus familiares”, explica Magda.
Este é o último feito de Magda Dias. Mas numa visita ao Mum’s the boss, percebe-se que os seus feitos são quase infinitos. São pequenos e constantes, feitos de pedaços do dia-a-dia, das dificuldades (de tirar uma família de casa de manhã, por exemplo) às pequenas conquistas. Magda não tem grandes pretensões. Apenas acredita que ser pai (ou mãe) “é um ato de fé – na humanidade e num futuro melhor”, confessa. E que a caminhada até lá tem de ser a mais pacífica e feliz possível. Daí as dicas para evitar birras ou contornar melhor um “tu não mandas em mim”, os conselhos para promover a auto-estima ou os truques para que o filho ponha o pijama à noite. E ainda manda lembretes aos pais, para que estes consigam “lembrar-se de que há sempre uma estratégia adequada, adaptada à idade das crianças.”
E como é que toda esta parentalidade positiva se encaixa no aparente autoritarismo do nome do blog – Mum’s the boss? Para Magda, não é nada disso. O nome surge como uma provocação e da frase que o marido dizia, em tom brincalhão, aos filhos. Na verdade, diz, mandar é também “um ato de amor, de segurança”, porque “se houver uma complicação, é bom que as crianças sintam em nós um porto seguro.”