Depois de quatro anos de pesquisa sobre alimentos vendidos e embalados falsamente, com viagens desde o Japão até à África do Sul, Larry Olmsted, especialista em restaurantes e comida no jornal USAToday, revelou no seu novo livro – “Comida verdadeira/Comida falsa, Por que é que não sabe o que está a comer e o que pode fazer em relação a isso” – quais os alimentos que são recorrentemente embalados e vendidos de forma falsificada, em supermercados e restaurantes.
O peixe, principalmente o sushi, encontra-se no topo da lista dos alimentos falsificados. “Quando pede o peixe mais caro, como a anchova vermelha, a garoupa e similares, na maioria das vezes não é isso que tem. Substituição de espécies, como um peixe barato trocado por um mais caro, é comum”, disse o autor ao jornal The Independent. Da mesma forma, lagosta em ravioli e caviar também são propensos a serem falsificados.
“Com a exceção dos restaurantes de sushi mais caros e de elite, a taxa de insucesso de restaurantes que têm pelo menos um alimento falso no menu aproxima-se dos 100%”.
Outros exemplos mais comuns são o azeite virgem extra – que tem mais benefícios para a saúde mas é recorrentemente misturado com outros tipos de óleos -, o queijo e o mel (misturado muitas vezes com xarope de frutose).
Quanto às bebidas, o café moído é frequentemente adulterado (alguns grãos moídos já foram encontrados misturados com trigo, soja, açúcar mascavado, cevada, milho, sementes), assim como o leite de vaca que é vendido várias vezes como sendo leite de cabra ou ovelha.
O escritor chama a atenção dos leitores para o que ele chama de “hipérbole do menu”, mais concretamente o uso de adjetivos que parecem acrescentar valor aos produtos, como “orgânico”, “humanamente criados”, “alimentado com erva”, “sem gordura”, aves ou carne de porco “sem hormonas”, carne “envelhecida”, peixe “capturado selvagem”, bem como indicações geográficas como salmão “do Alaska”. Quanto às embalagens dos supermercados, há que ter cuidado com termos como “natural”, “puro” ou “real”.
“O uísque escocês é o produto mais confiável e protegido do mundo”, disse o autor ao jornal britânico, acrescentando que o selo DOP (Denominação de Origem Protegida), que aparece em comida e bebidas, incluíndo o queijo Parmigiano-Reggiano e Champanhe, garante a sua autenticidade.
“Ironicamente, os alimentos mais baratos são geralmente os mais autênticos. Se vir, num menu ou numa loja, salmão de cativeiro em princípio será verdadeiro porque não há nenhum substituto mais barato”.
Para evitar que os consumidores sejam enganados, alguns governos e grupos de defesa dos consumidores desenvolveram testes e programas de rotulagem para alimentos comumente fraudulentos que podem ajudar a determinar a sua autenticidade.
O autor não quer que as pessoas tenham medo de comer, mas apenas que estejam informadas e tenham consciência do que comem. Procurar produtores locais ou alimentos próximos à sua forma original – como o peixe – pode evitar a compra de produtos fraudulentos.