Pode parecer contraditório, mas é mesmo verdade. A geração mais desinibida e liberal dos últimos tempos é a primeira a ter menos relações do que as gerações passadas.
A geração Y (também donominada como a geração dos millenials), reúne todas as pessoas nascidas entre os 1980 e os meados da década de 90. As pessoas desta geração destacam-se por terem assistido a uma revolução tecnológica gigantesca, por serem a primeira geração a dominar a Internet, por terem uma mente aberta e, agora, por não terem muitas relações sexuais.
Segundo um estudo do governo norte-americano, apenas 44% das mulheres millenials tiveram relações sexuais na adolescência, em comparação com os 58% daquelas que nasceram 25 anos antes delas. Em relação ao sexo masculino, os números também desceram imenso. No estudo mais recente, 47% dos millenials tiveram relações em adolescentes, em comparação com os 69% da geração anterior.
Noutro estudo, a Dra. Jean Twenge da Universidade Estadual de San Diego e autora do livro “Generation Me”, concluiu que os jovens da geração Y não estão menos interessados no sexo, mas têm menos parceiros sexuais do que os seus pais tinham com a mesma idade.
Um aglomerado de circunstâncias sociais pode estar a causar a reversão. Devido à crise económica, esta geração trabalha mais horas, em condições de trabalho menos seguras, e é mais provável que vivam com a família ou numa casa com outras pessoas para poupar nas despesas. “Quando és um jovem adulto a viver com os teus pais, é mais complicado ter sexo. Mesmo que a crise tenha acabado, mais adultos vivem com os pais. É como ser um adolescente outra vez, a tentar perceber onde encontrar alguma privacidade. Ter colegas de casa também pode tornar isto difícil – tens medo que eles ouçam as tuas atividades, e eles podem não gostar de ter outra pessoa no seu espaço. Também é mais difícil porque menos jovens do sexo masculino têm empregos, e a maioria das raparigas quer namorar com alguém que esteja empregado.”, explicou Twenge ao The Independent.
Para Twenge, o fácil acesso a conteúdos online e a novas tecnologias também podem influenciar a vida sexual desta geração. “Suspeito que algumas coisas estejam conectadas com o aumento da comunicação digital, incluindo a pornografia online. Há casos nos media em que alguns jovens admitem que ver pornografia fez com que tivessem dificuldades em ter sexo com uma mulher real.”
Para Rebecca Reid, jornalista e colunista na secção “Sexo e Relações” do Telegraph, a geração Y não está menos interessada no sexo, mas tem sexo de maneiras diferentes que os dados das ciências sociais podem não entender. “Acho que estamos a ter sexo diferente em vez de menos, e as linhas do que o sexo é na verdade podem ser um bocadinho desfocadas. Esta geração está certamente mais propícia a experimentar, e particularmente a ter sexo com alguém que achem atraente em vez de com um género específico. O sexo entre LBGTQ pode ser mais difícil de definir, uma vez que a penetração nem sempre ocorre. Acho que o fácil acesso a brinquedos sexuais e a pornografia também é um factor: se se está a sentir sexualmente frustrado, pode tratar do assunto sozinho, em vez de sair à procura de sexo.”, disse ao The Independent.
“Não estou totalmente convencida de que estamos a ter menos sexo do que os nossos pais. Acho que é mais provável termos menos parceiros sexuais, em vez de menos sexo em si, o que, eu imagino, se deve parcialmente ao facto de termos crescido na geração pós HIV, que está nervosa acerca dos perigos do sexo.”, continuou.
Existem outros factores que podem justificar as diferenças entre gerações. As pressões sociais e o estigma de não ter relações sexuais presentes nas gerações anteriores, podem ter influenciado os dados facultados ao estudo realizado há 25 anos atrás.