O mistério está todo no cromossoma 21. Ali onde se esconde a origem do Síndroma de Down, existem mais de 300 genes, alguns deles mais responsáveis do que os outros pelo atraso intelectual que caracteriza aquela incapacidade. Mas poderá haver algo que ajude a melhorar a vida destas pessoas: segundo demonstrou um estudo espanhol, citado pelo El Mundo, há um composto presente no chá verde que ajuda a regular a expresão destes genes, melhorando a memórias e as ligações neuronais dos portadores do Síndroma de Down.
Os primeiros resultados do ensaio clínico, que está na fase dois e envolve 84 pessoas, foram já publicados na revista Lancet Neurology. Como explicaram ao diário espanhol os especialista Mara Dierssen e Rafael de La Torre, coautores da investigação, a chave está na epigalocatequina-galato, a substância natural da classe das catequinas de maior abundância no chá verde, há muito associada a uma redução do risco de cancro e de doenças cardiovasculares. Agora, combinado com um programa de estimulação cognitiva, demonstrou também oferecer melhorias na funções executivas, na tomada de decisões e plasticidade cerebral.
No ensaio que decorre com seres humanos, em vez de tentarem a terapia génica, a ser usada em ratinhos, a equipa multidisciplinar encontrou no chá verde um inibidor natural das incapacidades nas pessoas com Síndroma de Down. «É o excesso de uma determinada proteína – DYRK1A – no cérebro que impede a plasticidade do cérebro necessária nos processos de aprendizagem. O que observamos agora é que este composto do chá verde a normaliza”, explicou a investigadora.
Apesar de reconhecer que ainda há um largo caminho a percorrer para ajudar efetivamente estes doentes, para aquela cientista, há para já uma grande mais valia nestas resultados: “Até há muito pouco tempo, não havia qualquer interesse em desenvolver fármacos para combater o Síndroma de Down por não havia quaisquer dados que o incentivassem. Era uma população órfã, nesse sentido. O mais que lhes podiamos oferecer eram vitaminas, hormonas e outras substâncias, tudo sem qualquer base científica.”