The Biggest Loser (Peso Pesado em Portugal) é um reality show com grande audiência nos Estados Unidos da América. Já foram emitidas 17 edições e o programa foi adaptado por 27 países. Os concorrentes são pessoas que sofrem de obesidade e com um grande desejo de emagrecer e, durante o programa, são sujeitos a rígidos treinos e a uma alimentação saudável. Todos têm o mesmo objetivo: perder a maior percentagem de peso e ganhar um prémio em dinheiro.
No entanto, a maioria dos concorrentes acaba por voltar ao seu peso quando o programa acaba. Porquê? Um estudo publicado no Obesity explica.
Os investigadores do National Institutes of Health analisaram os concorrentes da oitava temporada do programa, emitida em 2009. Mediram o seu peso, gordura, metabolismo e hormonas tanto no final das 30 semanas no programa como seis anos depois, em 2015.
Em catorze participantes analisados, treze voltaram a engordar e quatro deles ganharam ainda mais peso do que quando entraram no programa. Segundo este estudo a principal causa é o metabolismo.
Investigadores têm vindo a analisar um fenómeno chamado “adaptação metabólica”. Enquanto perdemos peso a nossa taxa metabólica basal – energia utilizada para o corpo manter as funções básicas quando está em repouso – abranda. Então se o corpo está a gastar menos energia quando está em repouso, necessitamos de consumir menos calorias para manter o nosso peso. Os investigadores ainda não sabem porque é que isto acontece e não afecta toda a gente da mesma maneira.
O estudo do Biggest Loser mostrou que o metabolismo dos concorrentes ficou ainda mais lento. Os seus corpos só estavam a queimar cerca de 500 calorias diárias (o valor de uma refeição) a menos do que aquilo que era esperado do seu peso. E este efeito continuou mesmo quando estavam a voltar a engordar.
Para além do metabolismo, outra causa é a alteração de níveis de leptina no organismo. A leptina é a hormona responsável por regular a fome e por informar o cérebro sobre a quantidade de energia acumulada. Neste estudo, os investigadores notaram uma descida significativa desta hormona no sistema sanguíneo dos participantes. Ou seja, ao perder peso de forma drástica o corpo passa a libertar muito menos leptina e vai começar a ter a informação para aumentar o apetite. No final do programa a maioria dos concorrentes drenaram os níveis desta hormona, deixando-os com fome constantemente. Seis anos depois, só conseguiram recuperar 60% dos níveis que tinham antes do programa.
The Biggest Loser ou banda gástrica?
Em 2014, um estudo desenvolvido pelos mesmos investigadores mostrou que os concorrentes do The Biggest Loser têm cinco vezes menos leptina no seu organismo e um metabolismo mais lento do que pessoas que foram sujeitas a intervenções cirúrgicas para perder peso. “Os pacientes sujeitos a cirurgia viram a adaptação metabólica revertida após cerca de um ano. O estilo de perda de peso utilizado no Biggest Loser é devastador para o metabolismo de uma pessoa comparado com a cirurgia” comenta Yoni Freedhoff, especialista em obesidade. “Se te estás a matar no ginásio e em dietas para perder peso, estás a matar também o teu metabolismo”, adverte Freedhoff.
“Sabemos que 5% é o que precisas de perder para ver benefícios na saúde. Também sabemos que a obesidade é considerada uma doença – por isso precisamos de tratá-la como uma doença e não em como caber nas tuas skinny jeans” comenta Diana Thomas, investigadora de obesidade na Montclair State University.