Na sequência da publicação de comentários dos leitores, gostaria de também enviar uma Carta como leitor, dando sequência à informação do Prof. Gilberto Santos.
As alegações típicas da Comunidade Céptica Internacional repetem-se ad infinitum, e caracterízam-se pelo persistente “ver para crer”, no entanto, esperam que esse trabalho seja feito por alguém que não eles, e depois têm uma séria tendência para ignorar o que não lhes interessa. São muito tendenciosos e só excepcionalmente são peritos na área sobre a qual tecem comentários, usando sempre uma teia de argumentos ideológicos que só vergam perante uma prova definitiva e um suposto consenso científico. Acontece que tal consenso é uma virtualidade e só pode ser real se concebida sob uma ciência imóvel e estabelecida, projectada sobre um Passado cimentado, como uma espécie de ciência autista do Presente. É uma contradição fulcral no âmago desta Comunidade, o seu uso do racional leva-os ao irracional, leva-os até ao abismo da irresponsabilidade e da negação do potencial da própria inteligência humana.
O que está em causa é algo do foro do bom senso, o povo que é sábio costuma dizer que “mais vale prevenir do que remediar”. As provas definitivas podem ainda demorar 10-15 anos, entretanto, as evidências científicas aumentam a sua consistência e estabilidade, ao mesmo tempo que a realidade concreta das pessoas afectadas cresce em silêncio. Eu pergunto, depois de tantos profissionais com elevada formação subscrevem e organizarem vários Apelos ao longo dos anos, contando-se entre eles muitos peritos na área específica em apreço, peritos com décadas de investigação em cima, sejam eles oriundos da área militar, sejam de grandes universidades:
- Porque razão deve o público dar ouvidos apenas ao cepticismo de alguns poucos peritos? Peritos que tantas vezes o tempo vem a revelar terem estado em puro conflito de interesses ou simplemente desavisados.
- Inevitavelmente, os proponentes dos apelos acabam por ter razão, as evidências científicas de incansáveis investigadores independentes vencem no tempo, quase invariavelmente. Essa é a história dos avisos (*) sobre o amianto (1964), depois com a moda das espreguiçadeiras e o cancro da pele (1974), depois os cigarros (1980), depois os telemóveis (2010), e hoje, a explosão do wireless (do sem fios) é vista como a talidomida do séc. XXI pelo perito britânico Barrie Trower. Onde pára a responsabilidade, que loucura é esta?
- Se antigamente, uma área de fumadores e de não fumadores oferecia a oportunidade de seleccionar a nossa exposição, com a tecnologia do wireless (o sem fios) é a violação permanente da nossa liberdade, espaço, corpo e privacidade. A Comunidade Céptica Internacional denuncia-se a ela mesma, porque dizer mal é fácil, cego, irresponsável e imoral. Porque negar não é prova de coisa alguma, pelo contrário, contribui para calar a verdade das pessoas comuns. Será uma ilusão colectiva o que toda a gente envolvida nestes apelos está a ter? Tenho as maiores dúvidas:
Apelo EMF 2015
https://www.weebly.com/uploads/3/4/2/5/3425631/apelo-emf-2015.pdf
Directrizes da Associação Austríaca de Medicina para o diagnóstico e tratamento de problemas de saúde relacionados com os campos electromagnéticos
http://www.weebly.com/uploads/3/4/2/5/3425631/directrizes-medicos-austria-emf.pdf
Apelo Médico Internacional 2012
http://www.weebly.com/uploads/3/4/2/5/3425631/apelo_de_friburgo-2012.pdf
Apelo de Friburgo
http://1.bp.blogspot.com/-Pnhrv7J-6mw/Tb3a6BnQe_I/AAAAAAAAAHY/EhYt_aFIqQo/s1600/freiburg_portugues.jpg
Recomendo a atenção para alguns detalhes interessantíssimos para esta discussão:
Os danos no ADN são uma certeza para o Prof. Olle Johansson (o perito sueco mencionado no artigo da Visão), reforçando as observações de Barrie Trower, especialista militar EMF britânico, no tempo da Guerra Fria. Ele disse que desde 1971 que se tem a certeza da existência de efeitos não térmicos sobre a actividade biológica, porque a matéria foi exaustivamente estudada no meio militar:
- Dado que a Comunidade Céptica gosta de olhar para o Passado, é estranho porque evitam falar nos documentos antigos que revelam precisamente esses efeitos, desde os anos 40. O arquivo da Dr. Magda Havas está cheio destas valiosas relíquias: http://www.magdahavas.com/category/from-zorys-archive/
- A “Intelligence” britânica e a “US Defense Intelligence Agency” fecharam o dossier em 1971, sabendo da existência de efeitos não térmicos, desde potências muito baixas. Vamos agora compreender a razão de se ter escolhido ignorar esses efeitos, criando-se uma espiral de silêncio.
- Afinal o que é o consenso científico? O consenso científico é uma construção que visa moldar a percepção da realidade, certamente já ouviram falar em engenharia social, nada disto é segredo, é o reflexo da espiral do silêncio, com a qual eu espero a Visão não pactue. Instituições como a Rand Corporation, o Instituto Tavistock, entre muitas outras têm vindo a marcar o pós-2ª Guerra Mundial, criando modos silenciosos de avançar a hegemonia dos interesses norte-americanos pelo mundo. Nenhuma área tem vindo a escapar a isto, e a ciência, não só não é excepção à regra, como vem no topo da lista, dada a sua revelância. Em livros como estes, definiram-se planos para moldar a sociedade através do mundo académico. “Elicitar” é o verbo-chave sobre o qual todo o edifício foi montado, e significa “desencadear gradualmente” uma conclusão pré-determinada pelos formadores que dirigem o Encontro, seja ele de carácter científico ou não, este método é igualmente conhecido como Método Delphi:
o Brown Bernice B. – Delphi Process: A Methodology Used For The Elicitation of Opinions of Experts (online), September 1968. Consultado a 26 de Dezembro 2014. Disponível:http://www.stopthecrime.net/P3925%20delphi%201968.pdf
o Lempert, Robert J.; Popper, Steven W.; Bankes, Steven C. – Shaping the Next One Hundred Years – New Methods for Quantitative, Long-Term Policy Analysis by Rand Corporation, 2007. Consultado a 26 de Dezembro 2014. Disponível: http://www.rand.org/content/dam/rand/pubs/monograph_reports/2007/MR1626.pdf
- Portanto, deve ser pacífico que desde os anos 70, os encontros internacionais de peritos têm sido modelados por interesses que transcendem a ciência, em prole de outras Agendas. Quantos peritos terão saído destes encontros com uma sensação estranha e admirada, face à conclusão inesperada da discussão? Muitos certamente! É nesta sequência que Carl Sagan deixa o seu aviso (aqui), pouco tempo antes de falecer. Afinal, qual é a origem da polémica actual?
· Porque razão o consenso científico continua a dificultar e a negar activa e oficialmente a existência destes efeitos? Vamos ler pessoalmente os documentos entretanto desclassificados pelos militares. Por exemplo, em “Research on Biological Effects of Radio Frequency Radiation in Eurasian Communist Countries” (anos 74-76), sobre informações da investigação dos efeitos biológicos da radiação electromagnética, ondas rádio e microondas do Bloco de Leste, na página 24, o último parágrafo é lapidar, dando sentido à frase do Olle Johansson referida no artigo da Visão “estamos a ser vítimas da maior experiência médica e biológica em larga escala da humanidade“:
[…]
- Outro investigador sueco, o Dr. Lennart Hardell e o seu grupo de trabalho conseguiu levar a OMS a classificar as radiofrequências/frequências electromagnéticas (RF-EMF) no Grupo 2B da classificação IARC – INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, apesar de fortes influências da Indústria para evitar o alarme. A continuação dos estudos permanece apontando que as microondas deveriam ter sido classificados no Grupo 2A ou mesmo, no Grupo 1 (agente manifestamente carcinogénico e mutagénico). O Dr. Lennart Hardell é mais um dos que se tem batido por esta questão, porque na Suécia, nos últimos 20 anos, a ocorrência de tumores cerebrais disparou e não pode mais ser negligenciada. Ele trabalha com o Cancer- och Allergifonden e o Cancerhjälpen, e tem havido muita picardia com a Swedish Cancer Society, porque o seu investigador porta-voz é denunciado pela sua ligação à Indústria, o que ajuda a explicar a sua predilecção pelas fontes que negam a relação entre o cancro e as RF-EMF.
WHO and SCENIHR: Scientific cover-up at the highest levels
https://takebackyourpower.net/who-and-scenihr-scientific-cover-up-at-the-highest-levels/
Lennart Hardell’s blog – A blog about environmental and health related research
https://lennarthardellenglish.wordpress.com/
Passo a citar o mais relevante:
Letter to WHO regarding brain tumour risk associated with exposure to radiofrequency fields
https://lennarthardellenglish.wordpress.com/2015/08/07/letter-to-who-regarding-brain-tumour-risk-associated-with-exposure-to-radiofrequency-fields/
Letter to New York Times, July 24, 2015
https://lennarthardellenglish.wordpress.com/2015/08/02/letter-to-new-york-times/
[…]
- Em nome da responsabilidade e do Princípio da Precaução, recomendo a leitura destas 10 páginas, onde se coloca em evidência como a polarização distingue os campos electromagnéticos de origem natural e os criados pela tecnologia, especialmente no que diz respeito à indução de efeitos não térmicos na actividade biológica. É preciso lembrar que a atmosfera terrestre bloqueia naturalmente a faixa das microondas vindas do Espaço. Comparar a radiação do Sol com a dos telemóveis é um embuste do mais elevado nível. Não só é um argumento descredibilizante como revela a ignorância de quem os profere no artigo da Visão:
Polarization: A Key Difference between Man-made and Natural Electromagnetic Fields, in regard to Biological Activity by Dimitris J. Panagopoulos, Olle Johansson & George L. Carlo
http://www.nature.com/articles/srep14914
- A ROLETA RUSSA DO TELEMÓVEL, de Robert Kane (2001), é o livro que a indústria de telecomunicações temeu e retirou do mercado, comprando todas as cópias que conseguiu do livro (PDF aqui).
[…]
Vemos então que Estudos que antes levavam meses, passaram a levar semanas e hoje, chegam mesmo a ser feitos em dias. A Indústria manteve vários tipos de pressão sobre os seus cientistas para atrasar ao máximo que a verdade venha à tona. Esta é a verdade da fraude que constituem os níveis internacionais de referência e segurança estabelecidos para exposição a radiofrequências, os mesmos de que nos falam os peritos do status quo e os cépticos.
Eu me pergunto, ciente das coincidências da vida e de que o acaso é mera ignorância da real explicação, porque será que tem havido recentemente tanta preocupação.
[…]
- O alarme é improdutivo, mas a supressão é insuportável. Como a verdade sempre vem à tona, acho que é hora de abordar a sério estas questões, porque com o tempo, os danos serão cada vez mais irreparáveis, a crer nos peritos que agitam a nossa consciência. O apelo à responsabilidade e informação é urgente e o melhor serviço que podemos exigir de cada cidadão e dos Média, porque no final, somos nós que pagamos o preço.
Basílio Desorta
Pode ler o artigo em causa aqui.
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