Uns defendem que é pelo treino e pela repetição que as crianças chegam ao conhecimento e que têm de ganhar métodos de trabalho. Outros que precisam é de brincar – e na brincadeira puxam pela imaginação e pela criatividade, aplicando o que aprenderam na escola. Estudos recentes dizem que, feitos de uma forma diária e repetitiva, os TPC não só erguem barreiras entre a casa e a escola como não estimulam o gosto pela aprendizagem. Além disso, acentuam a desigualdade social. Se o mundo mudou tanto, se o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil também, será que faz mesmo sentido continuarmos a ensinar as crianças com um método de aprendizagem que é igual há 50 anos? O debate está aí.
Prós…
O treino e a repetição ajudam a memorizar conhecimentos
“O treino é importante”, defende David Justino, professor universitário e ex-ministro da Educação
Exercícios diários promovem um maior ritmo de trabalho
“Ajuda a cimentar aprendizagens e é uma forma de responsabilizar o aluno pela sua aprendizagem”, aponta Filinto Lima, da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas
Ter trabalhos para fazer em casa ensina a gerir o tempo
“É uma maneira de lhes pedir para refletirem sobre o que aprenderam e encontrarem, nos momentos em que estão em casa, a melhor altura para os resolver”, considera Celina Gonçalves, professora do Externato Menino Jesus, em Coimbra
…e contras
Sem tempo para brincar, as crianças ficam extenuadas e irritadas
“As crianças aprendem muito mais quando estão a brincar”, considera Maria José Araújo, investigadora do Centro de Investigação e Intervenção educativas da Universidade do Porto
Erguem barreiras contra a escola
“Queixam-se que a família se reúne pouco e depois vemos o trabalho e a escola invadirem a intimidade e a privacidade das crianças”, salienta o pediatra Mário Cordeiro
Não incentivam a curiosidade e o gosto pelo conhecimento
“A aprendizagem melhor é a que vem do profundo interesse da criança mas para isso é preciso tempo para pensar e para pensar é preciso tempo”, revela Cristina Martins Halpern, neuropediatra do Centro de Desenvolvimento da Criança
Não melhoram resultados
“Nem há qualquer associação estatística entre resultados escolares e trabalhos de casa”, sublinha José Morgado, professor de Psicologia da Educação no Instituto Superior de Psicologia Aplicada