Começou a interessar-se muito cedo pela magia por influência do pai que a praticava como hobby. Isso explica a razão pela qual tem uma foto onde aparece de cartas na mão, com apenas… três dias de idade. «É um bocado ridículo», confessa Hélder a rir. Mas a verdade é que aos 4 anos já fazia pequenos truques para a família e para os amigos e colegas do infantário. O entusiasmo nunca esmoreceu, bem pelo contrário, e foi lendo sempre muito à procura de aprender cada vez mais. Ainda estudou Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos mas desistiu por falta de vocação e formou-se em Estudos Teatrais, na ESMAE, antecipando já que iria viver de frente para a plateia. «Gosto muito de atuar, de estar em palco. Mas só me dá prazer fazer o que faço se as pessoas quiserem ver», confessa.
A viver em Los Angeles há quatro anos, Hélder, um portuense nascido na freguesia de Paranhos há 33 anos, está verdadeiramente a viver o sonho americano. ‘Nothing to Hide’, o espetáculo que esteve três meses em cena na Broadway, em Nova Iorque, sempre com lotação esgotada, foi um sucesso de público e da crítica. Pela plateia passaram inúmeras figuras conhecidas do showbizz como Woody Allen, Eva Mendes, Maria Sharapova, Barbara Streisand, Steve Martin ou o realizador do último «Star Wars», JJ Abrahams, rendidos à magia e à capacidade de entretenimento do português.
De regresso a Portugal, onde vem menos vezes do que gostaria, Hélder Guimarães vai estrear no Porto (Teatro do Bolhão, de 14 a 17 de janeiro) “Verso”, o seu mais recente espetáculo, que segue depois para Lisboa (Teatro da Trindade, de 20 a 23 de janeiro). Aos palcos da Broadway, desta vez, o espetáculo só vai subir em meados deste ano. Com cerca de duas horas de duração, ‘Verso’ «demorou um ano e meio a escrever e a preparar» e promete continuar a surpreender o público «misturando magia com um pouco de teatro e humor». A inspiração para o guião vem da realidade que o rodeia, explica o único português com o título de campeão mundial de magia, atribuído pela Federação Internacional de
Sociedades Mágicas. É que, diz Hélder, enquanto manuseia o baralho de cartas como se este fosse uma extensão natural do seu braço: “vivemos num tempo em que a informação é muita, demasiada mesmo, e às vezes é difícil distinguir o que é verdade do que é mentira. E a magia também explora um bocadinho esse lado. Cria uma ilusão, por vezes tão forte, que se confunde com a realidade”. Se não fosse mágico, Hélder até podia ser político.