Paula Teixeira da Cruz não tem dúvidas de que o tempo de Rui Rio no PSD chegou ao fim. Para a ex-ministra da Justiça, Luís Montenegro é o homem certo para liderar o partido e, em declarações à VISÃO, explica que um dos motivos que a levam a apoiar o antigo líder parlamentar é a “capacidade de agregar” e de não fazer “perseguições” ou “purgas estalinistas”, motivadas por divergências internas. Nesse aspeto, realça, Montenegro “tem uma postura muito semelhante à de Pedro Passos Coelho”.
Teixeira da Cruz, crítica de primeira hora de Rio, afirma que estava “habituada a ter liberdade de expressão dentro do partido” até à atual direção assumir funções e, sobretudo, “um líder [Passos] que unisse e um líder parlamentar [Montenegro e Hugo Soares] que unisse”. “Como líder partidário só tive um. É diferente ser líder partidário e um mero presidente do partido”, dispara a ainda deputada, que também estivera ao lado de Montenegro em janeiro, quando o ex-chefe da bancada social-democrata desafiou Rio para diretas antecipadas.
Sobre o homem que é, para já, o único candidato assumido à liderança do PSD, a ex-ministra recorda que o grupo parlamentar “era um corpo unido e combativo”, onde ninguém era impedido de “exprimir a sua opinião”. Isto, lembra, apesar de ter tido um processo disciplinar em que Montenegro acabou até por ser sua testemunha.
Quanto a Rio, Teixeira da Cruz não economiza nos remoques. Diz, a propósito das legislativas de domingo, 6, que “não há nada pior do que não reconhecer uma derrota”, observa que “culpar terceiros não é adequado” e questiona a opção do líder de empurrar responsabilidades para os adversários internos.
“Críticos?! Que críticos se fizeram ouvir durante a pré-campanha e a campanha? O próprio presidente até disse que os que aparecessem seriam hipócritas. O que ele pediu foi ‘Não apareçam’, foi um convite à divisão”, salienta a advogada.
Mas não fica por aí e regressa aos tempos em que Passos foi primeiro-ministro e a ala riísta dinamitou a estratégia para o País. “Rui Rio nem sequer teve uma oposição parecida à que ele próprio, Manuela Ferreira Leite e outros moveram contra Passos Coelho, num momento muito difícil. Está a queixar-se do quê? Agora são todos culpados menos ele?”, questiona.
E se Rio ancorou a sua estratégia para chegar à S. Caetano numa promessa de moralização da classe política, Teixeira da Cruz (que acusou o líder “laranja” de “traição” por ter chamado Elina Fraga para a direção) é lesta no contra-ataque: “Quanto ao banho de ética, estamos conversados. Basta ver de quem se rodeou e ver a sua Comissão Permanente… Banhos de ética não se apregoam, aplicam-se.”