O anúncio da decisão está guardado para depois das legislativas, mas Pedro Pinto fez esta sexta-feira, 28, uma espécie de pré-anúncio de recandidatura à presidência da distrital de Lisboa do PSD. Em declarações à VISÃO, um dos maiores críticos internos de Rui Rio confirma que na quinta-feira à noite, numa reunião da estrutura que lidera, disse estar “disponível” para avançar e até desvenda as condições de que não abdica para realizar um segundo mandato.
“É verdade que disse que estava disponível e que estava a pensar nisso [na recandidatura]”, afirma o antigo vice-presidente de Pedro Passos Coelho, que marca, desde já, terreno face a adversários que possam emergir na ala riísta. “O momento [da decisão] não é este, o momento é a seguir às legislativas, mas se alguém se posicionar agora eu serei candidato”, avisa, depois de ter acatado a instrução da nacional para que nenhuma disputa interna fosse travada antes das eleições de 6 de outubro – o mandato da distrital terminará a 1 de julho.
Seja como for, o calendário enunciado não deixa de parecer um mero formalismo. Até porque Pedro Pinto já estabeleceu as garantias de que precisa para ser novamente líder da segunda maior distrital dos sociais-democratas. A primeira, revela, passa por reunir-se e “avaliar e decidir, em conjunto com as dez concelhias de Lisboa, as alterações que têm de ser feitas” para melhorar o “funcionamento interno da distrital”.
A segunda, frisa Pedro Pinto, é ouvir os potenciais adversários e tentar acolher as suas reivindicações, para ter uma distrital “o mais consensual possível”. Por último, a condição mais exigente e que mexe diretamente com as aspirações mais eminentes do aparelho: “Quero ouvir o líder do partido e os presidentes das concelhias e perceber qual é o projeto político para as próximas autárquicas.”
No fundo, este terceiro requisito visa prevenir hecatombes eleitorais como a que o PSD sofreu em 2017 e que veio a precipitar o “adeus” de Passos à liderança. No distrito de Lisboa, os sociais-democratas só conseguiram vencer em três autarquias (Cascais, Mafra e Cadaval), tendo obtido um resultado historicamente baixo na capital – Teresa Leal Coelho não foi além dos 11,22% dos votos.
Na reunião de quinta-feira, foi aprovado, por unanimidade, um voto de “confiança política” a Pedro Pinto, para negociar a escolha de candidatos a deputados junto da direção de Rio, num processo em que sejam considerados fatores como a representatividade das várias concelhias e das estruturas autónomas, como a Juventude Social Democrata (JSD) e os Trabalhadores Social Democratas (TSD).
Durante o encontro, que se estendeu por cerca de três horas, foi ainda aprovado um compromisso para que os futuros deputados eleitos pelo círculo de Lisboa apresentem regularmente relatórios das suas atividades e que comprovem a proximidade com os eleitores do distrito.
A aprovação ou o veto das figuras conotadas com o passismo deverá ser o ponto quente das conversações com a cúpula “laranja”. O próprio Pedro Pinto (um dos mentores da rebelião contra Rio, em janeiro) e Miguel Pinto Luz (anterior presidente da distrital, vice-presidente da Câmara de Cascais e putativo candidato à liderança no pós-Rio) serão mesmo os dois nomes mais controversos para a direção do PSD.
Pedro Pinto confirma que foi ele a pôr “em cima da mesa” o seu próprio nome e o de Pinto Luz. Sobre o antecessor, sublinha que o fez por entender que se trata do “reconhecimento da sua capacidade política” e da “influência que tem no distrito” e, também, da relevância que teve, desde logo, na sua escolha para presidente da distrital. “Foi a pessoa determinante” para avançar, reforça o dirigente, que sublinha ainda relação de “amizade” que existe entre os dois.
Apesar das reservas que possam vir a ser suscitadas pela direção nacional, uma coisa é certa: em Lisboa, quase todos querem “lugares preponderantes” para Pinto e Pinto Luz na corrida às legislativas. Rio tem a palavra.