É a “notícia do dia” para Eduardo Vítor Rodrigues – ainda que o autarca de Gaia seja suspeito neste campeonato. O socialista, presidente da Área Metropolitana do Porto, avança à VISÃO que, em 2020, o encontro anual destes líderes europeus vai decorrer na região do Porto. A decisão dos presidentes da Áreas Metropolitanas da União Europeia – que já lançaram o olhar à política de passes sociais lançada pelo Governo português há dois meses – foi tomada esta quarta-feira, em Lyon, no segundo (e último) dia do encontro das Autoridades Metropolitanas Europeias.
Helsínquia e Viena também estavam na corrida mas a escolha acabou por recair sobre o norte de Portugal. O encontro deverá acontecer em outubro – a data ainda não está fechada e o local exato também ainda vai ser discutido. Eduardo Vítor Rodrigues considera que o evento vai trazer “centralidade” à região e ao país no debate sobre o caminho a percorrer para criar modelos de cidade que consigam responder aos novos desafios. Mas o autarca destaca outro ponto relevante.
Daqui a um ano e meio, quando a nova Comissão Europeia e o próximo Parlamento Europeu já estiverem a trabalhar a todo o vapor, a União Europeia vai estar a concluir a discussão do próximo quadro comunitário. Reunir as autoridades metropolitanas em Portugal dá “mais visibilidade” ao país e, acredita o presidente da AMP, significa mais “capacidade de pressão” junto dos decisores de Bruxelas que terão de votar o documento.
Nestes dois dias, os líderes europeus das áreas metropolitanas estiveram a discutir os “desafios sociais” no horizonte imediato. Além da Educação e da Saúde, estiveram em cima da mesa as questões da Habitação e da Mobilidade.
É a pensar neste último ponto que Ramon Toja, diretor-geral da Aérea Metropolitana de Barcelona, destaca a “boa política” que o executivo português pôs em marcha, ao uniformizar o preço máximo dos passes sociais (40 euros para a área metropolitana, 30 euros dentro de um município). Com um debate em curso na região espanhola sobre a melhor forma de garantir o financiamento do serviço de transportes e o alargamento desses serviços – para aumentar o universo de utilizadores – Toja fixa-se no exemplo de Portugal. “Quando os salários são baixos, conseguir acesso aos transportes de acordo com esses rendimentos significa um enorme aumento do qualidade de vida”, diz à VISÃO.
Nas últimas semanas, os transportes públicos voltaram a ser notícia pelas piiores razões, devido às dificuldades na gestão dos serviços, com particular ênfase nos serviços da CP e do Metro e nos barcos que fazem a travessia do Tejo. Faltam composições para responder à procura crescente e procuram-se soluções de recurso para acomodar mais passageiros, que podem mesmo passar por retirar bancos das carruagens do metro para aumentar a capacidade.
Ainda assim, essa face negra da medida do Governo de António Costa parece não afetar o entusiasmo dos responsáveis europeus. A recente política de passes sociais “suscitou a curiosidade de muita gente” em Lyon, garante Eduardo Vítor Rodrigues. O responsável metropolitano de Lyon, região organizadora do encontro, mostrou vontade de “replicar” o modelo em França e o congénere de Manchester, outra das presenças na reunião, garantiu que vai colocar a discussão sobre os novos modelos de gestão dos transportes (privados, no caso britânico) na agenda da sua recandidatura ao cargo, no próximo ano (em Inglaterra, como em França, e ao contrário de Portugal, os responsáveis das áreas metropolitanas são escolhidos por voto direto dos eleitores).