António Costa abriu pelo menos uma frente interna de contestação com a lista que escolheu para as europeias. Por uma questão de “dignidade política” da estrutura que dirige, a deputada Elza Pais recusou integrar o 12.º lugar que o secretário-geral do PS reservou à presidente das Mulheres Socialistas, para as eleições de maio.
A recusa foi comunicada esta quinta-feira pela própria deputada, na reunião de Secretariado Nacional do PS em que António Costa anunciou finalmente à direção do partido os nomes que pretende levar para o Parlamento Europeu. Elza Pais recusa ser “uma figura de adorno” no conjunto dos 21 nomes. Lembrando que foi escolhida por “eleição direta” — no mesmo dia, aliás, em que António Costa foi eleito secretário-geral do PS —, a presidente das Mulheres Socialistas recusou o 12º lugar (em princípio, inelegivel) na lista ao Parlamento Europeu por uma questão de “dignidade política” da estrutura que dirige.
A VISÃO apurou que a escolha do lugar apanhou de surpresa o grupo representado por Elza Pais. Fonte da direção daquela estrutura considerava “expectável” que o nome das Mulheres Socialistas na lista do PS fosse em “lugar elegível”. Não é o caso. Mesmo no melhor dos cenários, com a eleição de Manuel Pizarro, no 9º lugar, e a nomeação do cabeça-de-lista Pedro Marques para a próxima composição da Comissão Europeia, o lugar em que António Costa colocou Elza Pais não tem qualquer hipótese de chegar ao Parlamento Europeu.
“Não se compreende muito bem por que razão, sendo a paridade um tema central para o secretário-geral do partido e tendo a representante das Mulheres Socialistas sido eleita por eleições diretas, se optou por este lugar na lista”, apontou fonte da direção.
Depois da reunião com o secretariado socialista, António Costa reuniu com a Comissão Política Nacional do PS para submeter a votação interna a sua lista às europeias. Resultado: 68 votos a favor, nove votos contra e três abstenções.
Pedro Marques já tinha sido anunciado há duas semanas como cabeça de lista, na Convenção Europeia que o partido organizou em Gaia. E o próprio secretário-geral do PS também já tinha confirmado que a ex-ministra Maria Manuel Leitão Marques ia em segundo lugar na lista. As maiores surpresas estavam no anúncio de que a eurodeputada Maria João Rodrigues – sob investigação por alegados casos de assédio laboral em Bruxelas – estava fora das listas e que o líder da Federação do PS/Porto, Manuel Pizarro, seria o tal 9.º candidato, inclusivamente atrás de Isabel Santos, também candidata do Porto.
A dúvida sobre o caso de Pizarro arrastou-se até ao fim. Líder de uma das mais fortes federações socialistas, chegou a falar-se na possibilidade de o vereador da Câmara Municipal do Porto nem sequer integrar a lista. À saída da reunião, no Largo do Rato, esta quinta-feira à noite, Pizarro não deixava transparecer sinais de descontentamento com a solução encontrada. “Estou muito convencido de que o nono lugar é elegível”, garantiu o médico portuense. “O secretário-geral do PS teve o engenho de arranjar uma solução para um problema difícil, que era o de garantir uma adequada representação das várias regiões do país”, justificou-se. No final, o 9º lugar “é uma boa notícia”.
Além destes casos, a lista do PS às europeias conta com os nomes dos repetentes Pedro Silva Pereira e Carlos Zorrinho (em terceiro e sétimo lugares), da ex-secretária de Estado Margarida Marques, de André Bradford e de Sara Cerdas (pelas regiões dos Açores e da Madeira), Isabel Santos, Pizarro e, num 10º lugar que já fica para lá da linha vermelha, Isabel Estrada.
Do primeiro ao último, aqui ficam os nomes que o PS vai levar a votos no dia 26 de maio:
1 – Pedro Marques
2 – Maria Manuel Leitão Marques
3 – Pedro Silva Pereira
4 – Margarida Marques
5 – André Bradford
6 – Sara Cerdas
7 -Carlos Zorrinho
8 – Isabel Santos
9 – Manuel Pizarro
10 – Isabel Estrada
11 – João Albuquerque
12 – Selene Martinho
13 – José Águas Cruz
14 – Idalina Costa
15 – Tiago Rego
16 – Vera Simões
17 – Jesus Vidinha
18 – Elsa Maria Meireles Samões
19 – Tiago Teotónio Pereira
20 – Jacinta Grilo
21 – Agostinho Gonçalves