Palavras e ideias que estão a marcar o início da Primavera, no nosso país. Como que a indiciar que por aí vêm dias cada vez mais quentes.
Câmaras
As imagens do interrogatório a José Sócrates foram tornadas públicas pela SIC no âmbito de quatro reportagens (uma delas dividida em duas partes) sobre o ex-primeiro ministro e a Operção Marquês. Não foi a primeira vez que aconteceu, já o interrogatório ao ex-ministro Miguel Macedo (caso dos Vistos Gold) tinha passado nos ecrãs da CMTV. Mas foi com Sócrates que caiu o carmo e a trindade sobre o direito à privacidade. Durante dias foi assunto para debates e trocas de galhardetes entre comentadores e colunistas.
Colunistas
Daniel Oliveira responde a Miguel Sousa Tavares sobre o museu das descobertas. Henrique Raposo discorre sobre Vasco Pulido Valente. Fernanda Câncio escreve a “Tragédia de Sócrates”. E João Miguel Tavares responde a todos.
Eurovisão
Qual Euro 2004, qual WebSummit! O País (uma parte, pelo menos) fez as pazes com o Festival Eurovisão da Canção desde que Salvador Sobral amou pelos dois. Por estes dias é difícil circular pelo Parque das Nações, em Lisboa, sem dar de caras com alguém que não faça parte da entourage dos 43 países concorrentes.
Eutanásia
O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Barbosa, diz que não quer fazer uma “campanha confessional” ao mesmo tempo que anuncia estarem a ser distribuídos 1,5 milhões de panfletos contra a eutanásia pelas dioceses e paróquias. O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, já referiu que é contra a prática. O debate e a votação dos quatro projetos apresentados pelos partidos (PS, BE, PAN e Os Verdes) sobre a morte medicamente assistida está marcado para dia 29 de maio.
FC Porto
Com um campeonato que se jogou, e muito, fora das quatro linhas, com discussões acaloradas entre comentadores, acusações mútuas, emails do Benfica na praça pública, constantes posts de Bruno de Carvalho no Facebook, incluindo contra os próprios jogadores do Sporting, ou o VAR (vídeo-árbitro) a ser questionado, parece que sobrou pouco para falar mesmo sobre os jogos. A faixa de campeão foi para o FC Porto. Acabou? Não. O Benfica diz que vai contestar o campeonato.
Greves
Maio tem sido o mês das greves: funcionários da grande distribuição, das escolas e dos hospitais, médicos, professores, inspetores sanitários e nas Infraestruturas de Portugal.
Habitação
As rendas chegaram a níveis exorbitantes. A Câmara Municipal de Lisboa disse que iria anular um leilão porque os preços chegaram a patamares demasiado altos. Um T1, em Lisboa, chega (quando não ultrapassa) os mil euros por mês. Em Portugal, o salário médio dos trabalhadores por contra de outrem é de 856 euros.
Pinho
O ex-ministro da Economia de José Sócrates tem uma série de acrónimos que se lhe acoplaram nas últimas semanas, sempre com o vocábulo “alegadamente” antes de qualquer um: recebeu mais de três milhões de euros do BES, parte dele em forma de salário mensal de 15 mil euros enquanto era ministro, favoreceu a EDP, tinha contas off-shore onde receberia dinheiro do saco azul do GES.
Proteção Civil
Desde os incêndios que marcaram de forma trágica o ano de 2017 que a Autoridade Nacional de Proteção Civil tem sido palco de um entra e sai de nomes. Esta semana foi a vez de António Paixão, Comandante Operacional Nacional, bater com a porta depois de entrar em rota de colisão com Jaime Marta Soares, o presidente da Liga de Bombeiros Profissionais. Para o lugar de Paixão foi designado o coronel José Manuel Duarte da Costa.
Rio
O novo presidente do PSD, Rui Rio, ganhou a corrida contra Santana Lopes, mas não ganhou o partido ou, pelo menos, uma parte dele que é bem visível na Assembleia da República. De uma penada, correu com o líder da bancada parlamentar, Hugo Soares – “pôs” no seu lugar Fernando Negrão – e levou à saída de Luís Montenegro da vida de deputado. A primeira escorregadela de Rio tem o nome de Feliciano Barreiras Duarte, o homem que escolheu para secretário-geral do partido. Barreiras Duarte esteve no cargo o tempo que levou à descoberta do seu estranho currículo académico, com uma alínea de “visiting schoolar” na Universidade de Berkeley (nos EUA), onde nunca esteve. A primavera já tinha quase um mês quando, com pompa e circunstância, Rui Rio assinou um acordo com o PS sobre a descentralização e o Portugal 2030 (fundos comunitários).
Salgado
“Nunca na vida corrompi ninguém.” A frase é de Ricardo Salgado e foi dita à entrada do tribunal de Santarém, na semana passada, sobre Manuel Pinho.
Turismo
Excesso de turistas? Uns dizem que sim, outros que não. Em todo o caso, o aeroporto de Lisboa está a rebentar pelas costuras e a opção pela segunda “pista” no Montijo tarde em efetivar-se.
Vergonha
De repente, o PS envergonhou-se. Com José Sócrates e o processo em que este está acusado de 31 crimes – corrupção passiva de titular de cargo político (3), branqueamento de capitais (16), falsificação de documento (9) e fraude fiscal qualificada (3). O ex-primeiro ministro foi detido em 2014, a acusação foi feita em outubro de 2017, mas foi neste mês de maio que surgiram as primeiras vozes públicas de desconforto na cúpula do partido. António Costa mostrou-se “surpreendido” com o pedido de disfiliação partidária de Sócrates.
Veto
Foi a nona vez que Marcelo Rebelo de Sousa usou esta prerrogativa presidencial. Esta semana vetou a mudança de género aos 16 anos. O Presidente vai pedir ao parlamento que “pondere a inclusão de relatório médico prévio à decisão sobre a identidade de género antes dos 18 anos de idade”.