O debate foi crispado e o PSD, partido que requereu a audição da ministra, começou com um aviso: “ninguém nos vai calar”. Carlos Abreu Amorim abriu a sessão com um leque de perguntas dirigidas a Constança Urbano de Sousa. O deputado social-democrata quis saber o porquê de o SIRESP continuar a falhar e desafiou a ministra a explicar o que estava o Governo a fazer para evitar novas falhas no futuro.
Muito criticada pela oposição nas últimas semanas, Constança Urbano de Sousa não escondeu que existem falhas no SIRESP e admitiu que devem ser resolvidas. Mas recordou que este não é um problema “de hoje”. Lembrando o verão de 2013, ano em que o sistema também falhou “no incêndio do Caramulo, onde morreram bombeiros”.
Mas o SIRESP não é um sistema utilizado apenas em incêndios. É também usado noutro tipo de ocorrências ou catástrofes que exijam emergência no socorro, como em cheias por exemplo. E Constança Urbano de Sousa usou precisamente esse argumento e recordou as falhas que ocorreram durante as cheias de 2013.
As primeiras respostas não satisfizeram os deputados presentes na Comissão Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Sandra Cunha, do BE, Telmo Correia, do CDS, e Jorge Machado, do PCP, questionaram sucessivamente a ministra sobre o custo que o SIRESP tem para os contribuintes e sobre o que o Governo está a fazer para evitar novos incidentes. O deputado centrista chegou mesmo a lançar uma provocação ao dizer que Constança Urbano de Sousa poderia ter sentido de Estado e “dar oportunidade a outros”, sugerindo a sua demissão.
A ministra respondeu às perguntas sobre os custos do SIRESP para o Estado e ignorou a provocação de Telmo Correia. O custo deste sistema em 2017 “será de 40 milhões de euros”, revelou. Um custo semelhante ao dos dois últimos anos (em 2016 foi de 41 milhões de euros e em 2015 chegou aos 43 milhões).
Na intervenções finais, o PSD considerou que esta audição da ministra da Administração Interna “foi uma oportunidade perdida”, acusando a ministra de estar a seguir a cartilha e de não pedir desculpa. O CDS, pela voz de Telmo Correia, foi mais longe e concretizou a sugestão feita anteriormente, exigindo de forma declarada a demissão da ministra. Um pedido que a ministra desvalorizou e a que respondeu de forma concisa: “faço o melhor que posso para resolver problemas, não para os esconder”.