Na última semana e meia as temperaturas desceram, a chuva e o vento acompanharam a descida e uma das consequências verificou-se na produção de alfaces ice, brócolos e curgetes, por exemplo. A falta de produtos faz aumentar as necessidades e os preços a que são vendidos, com um peso considerável no valor que chega ao consumidor final.
No Reino Unido a redução destas exportações fez-se sentir em força e os supermercados têm as prateleiras de alguns legumes quase vazias. Nos famosos supermercados Tesco, os produtos estão a ser racionados, limitando a compra de alface ice e brócolos a três produtos por pessoa. Uma outra cadeia de supermercados inglesa, a Morrisons, limitou a compra a apenas três brócolos e duas alfaces ice por pessoa.
A Tesco usa como argumento para esta prática “os problemas de disponibilidade” e a necessidade de garantir o stock a todos os consumidores que procurem estes produtos.
O mau tempo em Espanha condiciona as colheitas e é, segundo a imprensa britânica, o maior causador deste caos.
Além dos problemas de falta de stock, em que se inclui também a curgete, os preços subiram de forma considerável.
O caso português
Em declarações à VISÃO, Domingos dos Santos, Presidente da FNOP (Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas) e um dos vogais da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), explicou a situação de Portugal neste contexto.
O frio que se tem feito sentir na última semana e meia afetou a bacia mediterrânica do Sul de Espanha, a chamada “horta da Europa”, o que aliado à chuva e neve, explica Domingos dos Santos, destruiu as colheiras: “No nosso caso não foi assim tão grave. Tivemos algumas quebras mas como somos um país pequeno temos apenas uma escassez temporária em alguns supermercados que em breve se normaliza. Além disso as pessoas também se adaptam, se a curgete está cara compra-se couve e batatas para a sopa, o mercado equilibra-se assim.”
A verdade é que temos vindo “a contrariar a natureza ao querer plantar em climas atlânticos e durante o inverno culturas que são subtropicais”, sublinha o dirigente. “Percebo que queiramos ter estes produtos todo o ano mas sabemos que o risco é iminente.”
Domingues dos Santos deu ainda o exemplo inglês para reforçar a ideia de continuarmos o caminho rumo à autossuficiência: “Já somos autossustentados e até excedentários em muitos produtos mas é importante continuar a trabalhar para nunca estarmos totalmente dependentes como acontece com Inglaterra.”