Marcelo iniciou ontem à tarde uma visita de três dias à Região Autónoma da Madeira. Primeira paragem. um jantar no Palácio de São Lourenço, o mesmo que acolheu Marcello Caetano (padrinho do atual PR) e Américo Thomaz nas semanas que se seguiram ao 25 de abril, antes da partida para o exílio. O Palácio/Forte de onde os antigos Presidente da República e Presidente do Conselho viram desfilar a manifestação do 1º de maio de 1974 e onde lhes chegaram as vozes que gritavam “não somos o caixote do lixo” [para onde se manda o que não se quer em Lisboa] ou “assassinos!” é hoje o palácio do Representante da República para a Região Autónoma da Madeira, o Juiz Conselheiro Ireneu Cabral Barreto. Foi por lá que Marcelo inicia a sua visita.
Mas o prato de resistência dos três dias de visita está a ser servido hoje. Dia 1 é o dia da Região (e da Autonomia) e a agenda é preenchida. Começou com a sessão solene na Assembleia Legislativa Regional, onde Marcelo fará uma intervenção, onde o deputado regional José Manuel Coelho, em protesto contra os terroristas dos tribunais, os fundamentalistas que o “perseguem como se fosse um malfeitor”, desfraldou uma bandeira do Daesh.
Depois do episódio, Marcelo depositou uma coroa de flores no Monumento à Autonomia e seguiu para o almoço na Quinta Vigia, residência oficial do chefe do Governo Regional da Madeira. Nesta quinta (originalmente chamada Quinta das Angústias, devido à capela do século XVII dedicada a Nossa Senhora das Angústias construída no local) viveram em tempos, e entre outros, a rainha Adelaide de Inglaterra, a imperatriz Isabel da Áustria, o arquiduque Maximiliano, o príncipe de Oldenburgo, o duque de Leuchtenberg, D. Amélia ou a imperatriz do Brasil e sua filha Maria Amélia, que ali morreu, em 1853, vítima de tuberculose.
À cerimónia na Quinta Vigia segue-se a eucaristia (seguida de Te Deum) na Sé do Funchal, que se encontra a 800 ou 900 metros da residência. Passando por aquela que é conhecida como “placa central”, o passeio público mais concorrido da capital, não seria de estranhar que o Presidente quisesse percorrer aquelas centenas de metros a pé.
O dia de Marcelo terminará na Praça do Povo, espaço conquistado ao mar e construída com a terra e rocha que desceu da montanha, até ao Funchal, no aluvião que assolou a ilha em fevereiro de 2010.
No último dia da visita, Marcelo não irá às ilhas Desertas (imortalizadas pelo spot publicitário onde aparece Joe Berardo sentado numa poltrona, no Ilhéu Chão), nem às Selvagens (que Cavaco Silva visitou em 2013), mas aterrará no Porto Santo, onde habitam quase 5 500 pessoas. Na Ilha Dourada, o Presidente tem prevista a inauguração do núcleo museológico Jorge Brum do Canto e de mais uma unidade hoteleira do empresário madeirense Dionísio Pestana e a apresentação, pelo secretário regional da Economia, Eduardo Jesus, do projeto “Porto Santo Sustentável”.
Sábado, a meio da tarde, Marcelo já estará de regresso ao continente, em avião militar.