00h48
António Costa não precisou de mais de 29 minutos para fazer agradecimentos, assumir todas as responsabilidades, saudar os vencedores, deixar claro que a derrota não o fará deixar a liderança do PS e dar sinais sobre o que pretende fazer no futuro: criar uma alternativa de governo estável, com os partidos à sua esquerda.
O líder socialistas deixou claro que o PS tem a “responsabilidade de garantir que a vontade dos portugueses não se perca na ingovernabilidade nem no vazio.” Disse que o seu partido “não contribuirá para uma maioria negativa, que crie obstáculos”, mas também que “o PS é defensor de moções de censura construtivas”, uma figura jurídica proposta por Vítor Constâncio num ja longínquo processo de revisão constitucional, que acabou chumbada pela maioria cavaquista. Terão sido estas – “moções de censura construtivas” – as palavras chave do discurso.
“Não rejeitamos governos sem termos governo para viabilizar. Ninguém conte connosco para viabilizar a prossecução, pela coligação, da sua política como se essa política fosse a nossa política nem para sermos só uma maioria do contra, sem alternativa credível.” António Costa estaria a levantar o véu sobre aquilo que poderá estar a preparar-se para fazer.
Para bom entendedor, estas palavras bastaram. Costa estará a preparar-se para criar um entendimento com os partidos à sua esquerda, cujos líderes deixaram claro (pela voz de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins), nos seus discursos de encerramento da noite eleitoral, não estarem dispostos a viabilizar um governo de direita no Parlamento.
Recusando embarcar na “maioria negativa”, Costa tinha de ter outra opção na manga: convidar os partidos à sua esquerda a sentarem-se à mesa e criarem uma alternativa. E, neste contexto, o líder socialista deixou claras as suas condições – um virar de página na política de austeridade, a defesa do Estado Social, relançar ciência e inovação e o respeito pelos compromissos europeus.
Resta saber se uma aliança entre o PS e o BE chegará para formar uma maioria estável no Parlamento (os votos da Europa e fora da Europa ainda não estão apurados) ou se António Costa, independentemente dos resultados, quererá (e conseguirá) trazer a CDU para o arco da governação. I.R.
23h50
António Costa respondeu ao repto de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, e de Jerónimo de Sousa, da CDU, que “queriam tomar o Governo já hoje”, comentou um deputado socialista: ” não alinhamos em maiorias negativas”. Costa dava, assim, por terminada a dúvida da noite: iria ou não juntar-se ao BE e à CDU para ter maioria no parlamento? Não.
Quanto à leitura que faz dos resultados eleitorais disse taxativamente “não me demito”. Não alcançou os objetivos a que se propôs nesta eleição, mas referiu que perante “o novo quadro parlamentar, a coligação PSD/CDS não pode governar como se nada tivesse acontecido.”
Numa sala a abarrotar, Costa garantiu que fará “tudo para cumprir o mandato que os portugueses lhe deram” e assumiu pessoalmente a derrota. Nesse instante, muitos militantes começaram a dizer “não, não, não”, como se Costa fosse apresentar a demissão. Costa fez a primeira graça da noite dizendo que já lhes daria motivos para dizer “sim” – pouco depois diria que não se demite da liderança do PS.
O secretário-geral do PS referiu que “uma expressiva maioria votou numa alternativa”, numa alusão à perda de mandatos parlamentares da coligação, mas os votos ainda não foram suficientes. Em todo o caso, o”PS não contribuirá para maiorias negativas que não sejam capazes de gerar alternativas credíveis de Governo”.
Sobre se vai inviabilizar o Orçamento do Estado da coligação, como referiu na campanha eleitoral, disse ser “extemporâneo” responder agora, e deixou uma frase enigmática: “muitas outras perguntas se hão-de colocar até lá”, gracejou.
Costa garantiu que vai cumprir o mandato que os eleitores lhe deram e lutar pelo programa que apresentou. Alguns socialistas comentavam, no fim do discurso do líder, que esta foi a melhor solução.
Quanto a moções de censura, também foi taxativo: “o PS é defensor de moções de censura construtivas” e, em jeito de aviso, referiu que ninguém pode contar com o PS para “viabilizar a prossecução das políticas de austeridade”
Os socialistas vão reunir-se na terça-feira à noite, em Comissão Política, para avaliarem os resultados de hoje. Costa frisou que “nunca será um problema para o PS”. S.R.
23h50
Álvaro Beleza, considerado líder da façao segurista, pediu a realização de um congresso do PS “o mais rapidamente possível”
Beleza fez esta declaração à saída do Hotel Altis, onde Antonio Costa acabava de anunciar que “manifestamente” não se demitia.
Alvaro Beleza disse ainda que o debate interno no Ps vai fazer-sr já a partir da reunião da comissão politica marcada para a proxima terça-feira.
20h46
Os seguristas que acorreram ao Hotel Altis, para assistir à noite eleitoral, não têm sido meigos para António Costa.
“Surpreende-me que, depois de tantos anos de austeridade, os portugueses não tenham confiado no PS para governar o País.” Álvaro Beleza, um segurista, não se diz chocado, como Ana Gomes, mas sim supreendido, e abre espaço para os tempos conturbados que se avizinham, no partido de António Costa. E numa mensagem clara para a cúpula do Largo do Rato, deseja que o “debate e reflexão que vier a seguir tem de ser de ideias e não de pessoas.”
“Poucochinho não bastava”, remata Ana Gomes que assume os resultados (ainda não apurados) como “mais que uma vitória da coligação, isto é uma derrota do PS.”
Helena Roseta, que falou deixando claro que não é filiada em nenhum partido, veio ao quartel general do PS dar apoio a António Costa, “o único político em Portugal que conseguiu fazer uma maioria de esquerda, na Câmara de Lisboa.” Falando de futuro, aponta para uma “solução nova: os partidos de esquerda sentarem-se à mesa e ultrapassarem o trauma geracional.”
Este futuro, diz António Correia de Campos, tem lugar para António Costa, neste partidos. Referindo que a coligação perde deputados em relação às legislativas de 2011, lamenta: a coligação conseguiu convencer os portugueses que não vai repetir as patifarias que lhes fez.” E, ainda na expectativa sobre os resultados finais, deixa no ar que agora se abre um espaço muito importante, que é “um espaço de negociação para a composição do governo.” I.R.
20.30
O segurista Álvaro Beleza anunciou esta noite, à chegada ao hotel Altis que fará ainda hoje uma declaração sobre os resultados eleitorais.
Para já disse que o seu partido analisará os resultados e “fará aquilo que tem de ser feito”.
“Portugal é maior do que um partido e o PS é um partido responsável que sempre quer ser parte da solução e não do problema”. E.C
20h15
Mal as televisões apresentaram as projeções, que dão vitória à coligação PSD/CDS, um militante pensou alto “e agora Aníbal [Cavaco Silva ] como é que vais resolver isto?”. Apesar de duas das projeções darem possibilidade de a coligação ter maioria parlamentar, com maior número de deputados, o militante não desarmou e levou as mãos à cabeça duas vezes “ai cavaco, cavaco …”
Duarte Cordeiro, diretor de campanha do PS foi o dirigente escolhido para fazer o primeiro comentário da noite e acredita que “a confirmarem-se as projeções não haverá maioria parlamentar”. Disse que “o PS não atingiu o seu objetivo, que era a maioria absoluta”, mas quer aguardar por resultados mais conclusivos.
Depois do breve discurso, os militantes gritaram “PS, PS” e dois deles comentavam entre si “não há-de ser nada, isto é como nos casamentos – na saúde e na doença. Aqui é na derrota ou na vitória. S.R
Foto:19h49
António Costa está reunido com os seu estado maior no 13* andar do Hotel Altis, o tradicional. quartel general dos socialistas nas noites eleitorais. O secretariado (do qual fazem parte Bernardo Trindade, Fernando Medina! Mota Andrade, Graça Fonseca, Isilda Gomes, João Galamba, Jorge Gomes, Jorge Patrão, Manuel. Pizarro, Maria da Luz Rosinha, Maria do Céu Albuquerque, Pedro Bacelar, Porfíroo Silva, Sérgio Sousa Pinto e Wanda Guimarães – há de assistir, em bloco, ao lançamento das previsões pelas televisões e decidir o que ha de dizer Duarte Cordeiro, o diretor de campanha a quem caberá fazer a primeira fazer a primeira declaração formal da noite.
A sala onde se realizam as conferências de imprensa, no Altis, começa a compor-se mas, entre os socialistas, as caras são de desânimo, contrastando com a sede da coligação Portugal à Frente onde se festeja: “a vitória está garantida! A maioria [absoluta] ainda não” I.R.
19h11
O dirigente que vai falar logo depois das primeiras projecções televisivas será, em princípio e segundo a assessoria de imprensa, Duarte Cordeiro, o diretor de campanha dos socialistas. S.R.
18h50
No quartel-general do PS, no hotel Altis, a entrada dos dirigentes marca o ritmo da comunicação social. Ora entra um, ora outro, e os jornalistas “disparam” as perguntas.
António Costa chegou às 18h20, acompanhado do presidente do partido, Carlos César, e disse esperar “uma maioria clara e inequívoca.
Na sala onde serão feitos os discursos já há alguns militantes à espera. S.R.