Robert Mugabe, Presidente do Zimbábue, foi eleito esta sexta-feira, Presidente da União Africana (UA), cargo que irá ocupar durante um ano, substituindo o seu homólogo mauritano, Mohamed Ould Abdel Aziz. A eleição, que teve lugar durante a cimeira que se realiza esta semana em Addis Abeba (Etiópia), não deixará ninguém indiferente, isto porque se trata não só do Presidente mais velho do continente africano (cumprirá 91 anos no próximo mês de Fevereiro), mas também por ser um dos mais polémicos.
Durante os 35 anos no poder, primeiro como Primeiro-Ministro e depois como Presidente, Mugabe beneficiou de uma boa imagem internacional depois de ajudar a liquidar o apartheid do seu pais. Daí para cá a imagem do novo líder da UA mudou muito e para pior. Isto por ter sido, alegadamente, o responsável pelo massacre de 20,000 pessoas de uma minoria étnica, pela expulsão dos agricultores brancos das suas terras para assim serem partilhadas pelo clã de Mugabe, por ter encarcerado e torturado dissidentes e por ter mergulhado o seu país num poço de paralisação económica e de hiperinflação. Por tudo isto, a Europa e os Estados Unidos viraram-lhe as costas proibindo, inclusive, a sua entrada nestes territórios.
Robert Mugabe era, desde que foi eleito Presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, no ano passado, visto como um dos principais favoritos para presidir a UA. Esta situação levou a que o Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelasse aos dirigentes africanos presentes nesta cimeira em Addis Abeba que “não se agarrem ao poder” e a “abandonar as funções depois do final dos mandatos.” No entanto, as pressões internacionais para que União Africana considerasse outras opções que não Mugabe foram ignoradas.