O presidente da Comissão Europeia defendeu hoje em Estrasburgo, França, que a União Europeia deve evoluir no sentido de uma “federação de Estados-nações”, considerando que essa é uma forma de evitar nacionalismos e populismos.
No seu discurso anual sobre o “Estado da União” Europeia, proferido perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), José Manuel Durão Barroso defendeu a ideia de que a Europa tem de seguir um novo rumo e evoluir, pois não pode enfrentar os desafios do futuro com as ferramentas do passado, e considerou que o horizonte é uma “federação de Estados-nações”, com uma partilha de soberania.
O presidente do executivo comunitário admitiu que tal necessitará de alterações aos tratados e apontou que antes das próximas eleições para o Parlamento Europeu, previstas para junho de 2014, apresentará um pacote de propostas para o reforço da integração europeia.
Barroso reconheceu que os esforços da Europa no combate à crise ainda não convenceram os cidadãos, os mercados e os parceiros internacionais, e defendeu a necessidade de “um novo rumo”.
Durão Barroso responsabilizou alguns Estados-membros pela falta de credibilidade de algumas das respostas da Europa à crise, já que, “no dia seguinte” às cimeiras de chefes de Estado e de Governo, “as mesmas pessoas que aprovaram as decisões” no Conselho “vêm miná-las”, com declarações a porem-nas em causa.
José Manuel Durão Barroso defendeu por isso a necessidade de a Europa seguir “um novo rumo e um novo pensamento”, marcado por uma maior união entre os Estados-membros, com os mais vulneráveis a não deixarem dúvidas sobre a sua determinação em prosseguir as reformas e sobre o seu sentido de responsabilidade, mas os mais fortes a não deixarem também quaisquer dúvidas sobre o seu sentido de solidariedade.
Ponto de viragem para a Grécia
O presidente da Comissão Europeia disse hoje acreditar que o próximo outono poderá constituir um “ponto de viragem” para a Grécia, reiterando que o lugar do país é no seio da zona euro, desde que Atenas respeite os seus compromissos.
Durão Barroso defendeu que “garantir a estabilidade da zona euro é o principal desafio”, e fez questão de fazer uma referência específica ao caso da Grécia.
“Acredito que temos a oportunidade neste outono de um ponto de viragem”, disse, sustentando que tal só será, no entanto, possível se Atenas dissipar todas as dúvidas quanto à sua vontade de respeitar os seus compromissos e levar a cabo as necessárias reformass, mas também se os outros Estados-membros desfizerem todas as dúvidas quanto à sua vontade de continuarem ao lado da Grécia.