A Hello Barbie pode gravar tudo que é dito pela criança e também responde. E se isto pode parecer um sonho aos olhos dos mais pequenos, parece um pesadelo aos mais crescidos. Já foi lançada uma petição que exige à fabricante do brinquedo, a Mattel, que retire do mercado a boneca, que ativistas dos direitos das crianças consideram “assustadora.” A boneca incorpora um microfone, bem como um software de reconhecimento de voz, concebido para “ouvir.”
Com um simples toque de um botão no cinto, a Hello Barbie, ligada via wi-fi, transmite o áudio para um servidor Cloud onde a fala é gravada e processada.
A Mattel diz que a boneca vai aprendendo sobre o seu proprietário, memorizando o nome do animal de estimação da criança, por exemplo, e oferecer assim uma experiência de brincadeira mais envolvente.
Numa recente feira de brinquedos em Nova Iorque, uma representante da Mattel “conversou” com uma Hello Barbie, dizendo-lhe que “gostava de estar no palco”. Na segunda vez, perguntou à Barbie o que a boneca achava que podia ser a sua carreira quando crescesse e esta respondeu: “Bem, disseste-me que gostavas de estar em palco. Então, talvez venhas a ser uma dançarina?”
A Mattel e a ToyTalk, a empresa com sede em San Francisco que desenvolveu o software da Hello Barbie, dizem que a privacidade é a sua principal preocupação. Mas são vários os grupos que lutam pelo direito à privacidade e pelos direitos da criança que estão a considerar o brinquedo como uma Barbie “espia”. Susan Linn, diretora da Campanha por uma Infância Livre de Anúncios Publicitários, disse em comunicado que: “As crianças que utilizam a Hello Barbie não estão só a falar com uma boneca. Estão a falar diretamente para um conglomerado de brinquedos, cujo único interesse é financeiro. É assustador e cria uma série de perigos para as crianças e para as famílias.”
Mas a Mattel diz que os pais podem optar por receber emails regulares com os arquivos de áudio da interação da criança com a Hello Barbie.
O brinquedo chega às prateleiras norte-americanas este outono e será vendida a 74,99 dólares.
A Mattel tem lutado para reanimar a queda nas vendas daquela que é a sua marca principal, lançada em 1959. Mas as jovens têm tido cada vez mais preferência por brinquedos eletrónicos, tablets ou brinquedos baseados em filmes de sucesso, tais como a personagem Elsa do filme Frozen.