A Hungria anunciou que não irá participar na próxima Eurovisão, a decorrer em maio, em Roterdão, na Holanda. Não foi avançada uma justificação, mas fontes da emissora pública, a MTVA, ouvidas pelo Guardian e pelo site russo index.ru, dizem que a razão para o afastamento é a cultura demasiado liberal nos costumes do espetáculo – “demasiado gay” foi a expressão usada. Um funcionário da MTVA disse ao jornal britânico que, apesar de não ter sido revelada uma justificação oficial dentro da televisão, todos presumiram que a ligação próxima da Eurovisão à comunidade LGBTQ+ é o motivo da retirada. “Não fiquei surpreendido. Faz parte da cultura organizativa da MTVA”, partilhou a fonte, acrescentando que a estação desencoraja coberturas positivas de assuntos relacionados com os direitos de minorias sexuais.
O país liderado pelo ultraconservador Viktor Orbán tem assistido a um aumento dos ataques verbais à comunidade homossexual. O porta-voz do parlamento húngaro comparou a adoção por casais do mesmo sexo à pedofilia, enquanto um comentador político alinhado com Orbán apelidou a Eurovisão de “esquadra homossexual”. O próprio Orbán, que tem multiplicado as polítias de apoio às “famílias tradicionais”, defende publicamente que o casamento só pode ser entre um homem e uma mulher.
Em resposta por escrito ao Guardian, a MTVA não deu uma razão para a decisão tomada, dizendo apenas que, “em vez de participar na Eurovisão em 2020, vamos apoiar diretamente as valiosas produções criadas pelos talentos da música pop húngara”.