Após uma longa maratona negocial, que se prolongou em Bruxelas ao longo dos últimos três dias e com várias interrupções, os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia (UE) chegaram hoje a um acordo e designaram a alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, o belga Charles Michel para a presidência do Conselho Europeu, o espanhol Josep Borrell para o cargo de Alto Representante da UE para a Política Externa e a francesa Christine Lagarde para o Banco Central Europeu.
Estas nomeações terão ainda de receber a aprovação do Parlamento Europeu para se tornarem efetivas.
As quatro novas caras dos cargos de topo da UE:
Ursula von der Leyen
A alemã Ursula von der Leyen, 60 anos, mãe de sete filhos, foi o nome acordado pelos líderes europeus para suceder ao luxemburguês Jean-Claude Juncker na presidência da Comissão Europeia (no cargo desde 2014).
Descrita como próxima da chanceler alemã (chegou em tempos a ser apelidada como a potencial delfim de Angela Merkel), Ursula von der Leyen é uma das vice-presidentes da União Democrata-Cristã (CDU) e ocupa atualmente o cargo de ministra da Defesa.
Francófona, Ursula von der Leyen é muito apreciada por Paris, nomeadamente por causa da boa cooperação Paris-Berlim em questões de defesa. A política, que detém a tutela da Defesa alemã há quase seis anos, será a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Comissão Europeia.
Charles Michel
O atual primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, de 43 anos, será o senhor que se segue na presidência do Conselho Europeu, depois do polaco Donald Tusk. Liberal e francófono, Charles Michel teve um percurso político precoce (ministro aos 25 anos, primeiro-ministro aos 38 anos), bastante influenciado pelo seu pai, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros belga e ex-comissário europeu Louis Michel.
Em 2014, Charles Michel concordou governar em coligação com a Nova Aliança Flamenga (N-VA, conservadores nacionalistas), um partido que defende nos seus estatutos a independência da Flandres (norte da Bélgica).
Em dezembro passado, o Pacto Global da ONU para as migrações, documento fortemente contestado pelos ministros nacionalistas flamengos, iria ditar o fim desta coligação. Charles Michel ficou então à frente de um Governo minoritário e demissionário. A situação política na Bélgica está bloqueada desde as legislativas de 26 de maio.
Josep Borrell
O socialista espanhol Josep Borrell, de 72 anos, é o nome apontado para substituir a italiana Federica Mogherini na liderança da diplomacia europeia, no cargo de Alto Representante da UE para Política Externa e Segurança.
Oriundo da Catalunha, e um firme opositor da independência desta região espanhola, Josep Borrell é o atual ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol e foi o cabeça de lista do PSOE (socialistas espanhóis) nas passadas eleições europeias de 26 de maio.
Com uma grande experiência governativa em Espanha, Borrell é um defensor fervoroso do processo de integração europeia e tem sido, nos últimos meses, uma voz muito ativa no dossiê da Venezuela. Também são conhecidas as suas críticas à administração norte-americana liderada por Donald Trump.
Christine Lagarde
A francesa Christine Lagarde, 63 anos, foi o nome acordado para suceder ao italiano Mario Draghi na liderança do Banco Central Europeu (BCE).
Antiga campeã de natação sincronizada, esta advogada de formação, que se transformou numa das principais figuras da alta finança mundial, já quebrou muitas barreiras ao longo da sua carreira.
Foi a primeira mulher ministra das Finanças em França, a primeira mulher a liderar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi a primeira mulher a liderar uma grande empresa norte-americana de advogados.
com Lusa