Garantindo sair “sem amargura, mas com enorme gratidão por ter tido a oportunidade de servir o país” que ama, May falou da honra que ter sido “a segunda mulher primeira-ministra, mas com certeza não a última”.
Nascida a 01 de outubro de 1956, atualmente com 62 anos, May é deputada desde 1997 pelo círculo eleitoral de Maidenhead, mas antes, durante oito anos, foi autarca local em Merton, no sul de Londres.
Filha de um padre da igreja anglicana, cresceu em Eastbourne, no sul de Inglaterra e estudou geografia na universidade de Oxford, tendo trabalhado para o Banco de Inglaterra antes de se dedicar inteiramente à política.
Foi a primeira mulher presidente do partido Conservador, em 2002, quando defendeu a necessidade de afastar os ‘tories’ da imagem de “nasty party” [partido maldoso].
Foi nomeada ministra do Interior em 2010 pelo então primeiro-ministro e líder conservador David Cameron e liderou uma reforma das forças policiais, aplicando cortes no orçamento e no número de agentes, ao mesmo tempo que introduziu uma política para controlar a imigração.
Permaneceu em funções no ministério do Interior durante seis anos, o período mais longo em mais de 50 anos, mas a sua herança foi recentemente posta em causa devido ao “ambiente hostil” criado para dificultar a regularização dos imigrantes no Reino Unido e também por causa do aumento da criminalidade, atribuído à redução do número de polícias.
Casada com o financeiro Philip May, mas sem filhos, não esconde o gosto pela moda e calça frequentemente sapatos vistosos, nomeadamente com padrão de pele de leopardo.
Em 2013, reconheceu publicamente ter sido diagnosticada com diabetes de tipo 1, o que requer injeções diárias de insulina.
Durante o referendo sobre o ‘Brexit’, em 2016, fez uma campanha discreta pela permanência na UE, mas quando sucedeu a Cameron na liderança do Governo prometeu concretizar o resultado, declarando: ‘Brexit’ significa ‘Brexit'”.
Em 2017, convocou eleições legislativas antecipadas, liderando uma campanha com o lema “forte e estável” com o objetivo de aumentar a maioria de 17 assentos no parlamento, mas acabou enfraquecida e dependente do Partido Democrata Unionista para formar Governo.
Sobreviveu a duas moções de censura, uma dentro do partido Conservador em dezembro de 2018, instigada pela ala de eurocéticos, e outra na Câmara dos Comuns em janeiro deste ano, movida pelo partido Trabalhista.
Contra todas as expectativas, manteve-se em funções apesar de várias derrotas em votações parlamentares, nomeadamente os três chumbos ao Acordo de Saída da UE negociado com Bruxelas.
No final, foi a disponibilidade para tentar encontrar um compromisso que a fez cair, confrontada com o desagrado dos seus ministros e deputados com a possibilidade de um novo referendo.
Invocou sempre um sentido de responsabilidade e de defesa do interesse nacional para continuar em funções, mas hoje finalmente decidiu afastar-se sem cumprir a missão que se tinha comprometido completar.
“É e será sempre motivo de profundo desgosto para mim não ter sido capaz de implementar o ‘Brexit’. Caberá para o meu sucessor buscar um caminho que honre o resultado do referendo”, admitiu.
Lusa