“É inacreditável que programas como o Saturday Night Live, sem piada/sem talento, possam passar o tempo todo a bater na mesma pessoa (eu), uma e outra vez, sem nunca mencionar ‘o outro lado’. Como um anúncio publicitário sem consequências.” Começava assim o tweet de Donald Trump, publicado ao final da manhã de domingo, 17.
Mais uma (relativamente) inofensiva tirada contra quem o critica, não fosse no resto do texto o presidente americano levantar a hipótese de os programas de comédia serem investigados pelas autoridades federais por violarem um suposto dever de ouvir as duas partes. “O mesmo acontece com os programas late night de comédia. A Comissão Eleitoral Federal e/ou a FCC [Comissão Federal de Comunicações] devem investigar este assunto? Deve haver conluio com os Democratas e, claro, com a Rússia! Que cobertura tão parcial, a maior parte dela Fake News. É difícil acreditar que ganhei e continuo a ganhar. Nível de aprovação de 52%, 93% entre Republicanos. Lamento!”
Não é a primeira vez que Trump se queixa de parcialidade nos programas de comédia e pede que se aplique a regra do “tempo equivalente”, uma norma que obriga a que as televisões e as rádios dediquem o mesmo espaço a políticos de lados opostos. Mas ainda não tinha pedido uma investigação.
O apelo de Trump deverá cair em saco roto. De acordo com uma advogada que colabora com o Law and Crime (site especializado em assuntos relacionados com a legislação), este pedido evidencia “uma completa falta de conhecimento sobre as leis básicas dos media e da liberdade de opinião”, diz Elura Nanos. “Os programas de comédia têm zero obrigação legal de serem imparciais na sátira, independentemente de o alvo das piadas ser uma figura política. De igual modo, os noticiários estão legalmente autorizados a serem tão unilaterais quanto quiserem. Como uma agência do governo federal, a FCC deve aderir às limitações estabelecidas pela Primeira Emenda – o que significa que censurar o discurso com base no conteúdo político é absolutamente ilegal.