Antonis Mavropoulos chegou à porta de embarque dois minutos depois de ela ter sido encerrada. Ainda conseguiu ver um passageiro a entrar no corredor que o levaria ao avião e lembra-se de ter pedido para que o deixassem entrar também. Mas não deixaram e, agora, ele sabe que foi isso que lhe salvou a vida. “Ainda estou em choque com tudo o que aconteceu”, conta o engenheiro químico ao The Guardian.
Como presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos, uma ONG com sede em Viena, tinha intenções de viajar até Nairobi para participar na Assembleia do Meio Ambiente da ONU. Partiu de Beirute (onde trabalha a maior parte do tempo como chefe de uma empresa de gestão de resíduos) e fez escala em Adis Abeba, mas, mesmo correndo, não chegou a tempo de embarcar para o avião que faria o voo de ligação até Nairobi . “Se eu tivesse feito o check-in, a porta de embarque não teria fechado e o avião teria esperado por mim”, afirma.
O avião da Ethiopian Airlines tinha levantado voo há seis minutos apenas quando começou a cair, despenhando-se muito perto da capital do país. A bordo do Boeing 737-8 MAX seguiam 157 pessoas de 33 países, contanto com a tripulação: Quénia, Canadá, Itália, China e Etiópia, sobretudo, mas também EUA, Holanda, Somália e Inglaterra. Pouco tempo depois, as autoridades locais confirmavam a morte de todos os passageiros e tripulantes.
Antonis Mavropoulos é grego e podia ter sido mais uma das vítimas do acidente, mas o seu atraso salvou-o. Agora, diz sentir que tem a “obrigação moral” de descobrir os motivos que levaram o avião a despenhar-se. “Tenho lido muitos relatórios que dizem que o piloto pediu para regressar ao aeroporto logo após a descolagem e, sendo sincero, fiquei assustado, porque faço mais de 100 viagens por ano”, desabafa.
“Eu sei que nós, os gregos, somos muito de filosofias, mas os meus últimos dias foram passados a pensar no quão importante é a aleatoriedade da vida e como devemos respeitá-la”, diz, acreditando que ajudar a descobrir o motivo para o avião ter caído pode ter sido “a única razão para ele ter sobrevivido”.