Há quem goste e quem não ligue, mas a verdade é que o Dia dos Namorados se tornou muito mais do que apenas um momento a dois para festejar o amor. Por detrás das fotografias românticas nas redes sociais e das declarações de amor eterno, existe, quase, um sentimento de obrigação para oferecer o presente perfeito e um dos que nunca passa de moda é o ramo de flores.
Nos EUA, estima-se que os americanos gastem quase 2 mil milhões de dólares em flores no Dia dos Namorados, sendo a maioria delas rosas importadas de países como a Colômbia e o Equador.
Estes dois países estão no top 3 mundial dos maiores exportadores de flores cortadas, a seguir à Holanda. Em 2018, só a Colômbia exportou mais de 4 mil milhões de flores para os EUA, sendo que este dia representa mais de um quinto da receita anual dos produtores de rosas nesse país.
É uma prenda romântica, acessível e que a maioria das pessoas gosta de receber, mas os custos ambientais que estão associados ao seu consumo desenfreado são elevados.
Em primeiro lugar, é importante perceber o longo caminho que as flores fazem, do seu local de origem até às lojas de todo o país. De acordo com a Vox, durante quase todo o ano, as flores viajam em aviões comerciais. Contudo, quando se aproxima o Dia dos Namorados, centenas de aviões de carga descolam da América Andina para os EUA. Segundo com o The Washington Post, nas três semanas anteriores ao dia mais romântico do ano, dezenas de aviões voam diariamente da Colômbia e do Equador para Miami, carregando, ao todo, mais de 15 mil toneladas de flores que são entregues em menos de um mês.
Estas viagens, diz a Vox, acarretam consequências graves para todo o mundo. Isto porque, nos EUA, é no transporte que está a maior fonte de emissões de gases com efeito de estufa, compreendendo 28% das emissões totais do país, segundo a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency).
Sabe-se que os gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, contribuem para o aumento da temperatura do planeta, uma vez que retêm o calor na atmosfera. Claro que a procura incomensurável por rosas nesta altura do ano não é a única culpada deste problema, mas a verdade é que toda a rede de transportes necessária para levar, a todo o mundo, flores, cria uma pegada ecológica muito desproporcional.
No ano passado, o The International Council on Clean Transportation (Conselho Internacional de Transporte Limpo) americano revelou que, nessas três semanas de voos, são queimados cerca de 114 milhões litros de combustível, emitindo 360 mil toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera.
Quando as rosas chegam ao seu destino, preparam-se ramos e arranjos que são, depois, transportados em camiões refrigerados. Esse processo faz com que seja queimado ainda mais combustível – em média, os camiões refrigerados consomem mais 25% de combustível em relação aos outros -, aumentando, ainda mais, as emissões de carbono para a atmosfera.
Ao contrário do metano e do óxido nitroso, que desaparecem do ambiente no espaço de uma década e de um século, respetivamente, o dióxido de carbono pode permanecer na atmosfera durante centenas ou milhares de anos.
Os custos ambientais que o transporte de flores provoca já inspirou pessoas nos EUA a desenvolver arranjos de flores sustentáveis e cultivadas localmente. Debra Prinzing criou recentemente o movimento Slow Flowers, que incentiva os consumidores a comprar flores a pequenos produtores na sua área, durante esta época.
O termo Slow Flowers é inspirado no slow food, movimento que pretende melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente. “Há milhares de pessoas de vários estados da América do Norte a começarem pequenos negócios de cultivo de flores”, diz, à Vox, Debra Prinzing. “Provavelmente, todas essas regiões que estão a tentar cultivar tudo localmente têm uma pequena pegada de carbono”, diz.
Países da américa andina dominam a produção e exportação de flores em todo o mundo muito devido ao clima, todo o ano temperado. Além disso, os custos laborais de países como a Colômbia e o Equador são mais baixos.