Pacotes de snacks, bolos, massas, arroz, bolinhos recheados, pudins e outras sobremesas com leite condensado e creme de coco, além de refrigerantes. Tudo isto antes do meio-dia.
As consequências são a obesidade, para além de problemas de saúde como a diabetes.
É isto que está a acontecer com os monges da Tailândia e que já levou o Conselho Budista, o Governo local e alguns académicos a reunirem-se para tentar resolver aquilo que chama de “bomba-relógio” e a elaborarem uma Carta da Saúde para Monges que foi distribuída nos templos ao longo do ano.
O alarme soou quando perceberam que 45% dos 300 mil monges tailandeses tinham excesso de peso – uma percentagem superior à média do país –, 6,5% diabetes e altas taxas de probabilidade de terem ataques cardíacos.
Repare-se que a alimentação dos monges é feita de acordo com as doações de comida – a tradicional Cerimónia das Almas. E eles são obrigados a comer o que lhes dão – a tradição diz que se acumula karma para esta vida e a próxima quando se oferecem alimentos aos clérigos.
Além disso, só comem até ao meio-dia, depois disso só existem algumas exceções, caso das bebidas açucaradas e refrigerantes.
Esta “dieta” avantajada fez com que, nos últimos anos, o excesso de peso se começasse a notar cada vez mais. A comida que ingerem até ao meio-dia é tão pouco saudável que os problemas de saúde não tardaram a aparecer.
O estilo de vida moderno e as comidas altamente calóricas e cheia de gordura são os culpados da obesidade dos monges – recorde-se que a Tailândia é o segundo país com mais obesidade da Ásia, depois da Malásia. Além de terem de comer o que lhes oferecem, os cabazes incluem, por tradição, os alimentos preferidos de quem doa ou os alimentos preferidos dos entes queridos que já morreram. Resultado: há doces e pudins a mais na “dieta” dos monges. Os refrigerantes, das poucas coisas que podem ingerir depois do meio-dia, só complicam ainda mais o metabolismo.
O Governo tailandês está a promover o projeto “nutrição saudável, monge saudável”, desde 2017, para tentar equilibrar a balança. Foram oferecidos cintos para que os clérigos percebam quando estão acima do peso normal, treinaram os cozinheiros dos templos para fazerem refeições mais equilibradas e distribuíram panfletos para que as pessoas doem comida saudável.
O exercício físico também é um assunto que provoca alguma celeuma. Apenas 44% dos monges diz praticar ginástica três vezes por semana. Não poderem parecer vaidosos e não poderem usar sapatos são algumas das justificações para a pouca prática de exercício. Recentemente, um deles foi advertido por ter publicado uma foto dos braços musculados.
A tradição diz que devem fazer ginástica, mas não para modelar o corpo, nem para ostentar músculos.