Uma investigação do Sunday Telegraph concluiu a situação ocorre em Inglaterra, Escócia e País de Gales, aparentemente uma réplica da tendência que começou nos EUA, onde uma rede de centros financiada por privados e organizações religiosas está a aproveitar os recursos da tecnologia para chegar às mulheres que tencionam interromper a gravidez.
Quando um proprietário pede para o seu serviço ser listado no Google, tem de escolher a categoria em que se insere e que palavras quer que levem até ele quando se faz uma pesquisa no motor de busca.
O que aconteceu, neste caso, é que vários centros “pró-vida” se auto-classificaram como clínicas onde se fazem abortos para assim aparecerem no Maps. Além disso, escolheram palavras-chave como “ajuda aborto” ou “conselhos aborto” e nomes de clínicas verdadeiras.
Segundo o jornal, muitos sites estão ainda construídos de forma a parecer que os locais fazem abortos, mas depois têm ligações com agências de adoção, que tentam convencer as mulheres a levar a gravidez até ao seu termo.
Nos EUA, são mais de 50 os centros deste género que aparecem como clínicas para abortos e Katherine O’Brien, responsável pela comunicação e investigação do Serviço Britânico de Aconselhamento sobre a Gravidez, diz que não se admira que a estratégia se torne cada vez mais comum no Reino Unido.
“Dão informações completamente incorretas e sem sentido, como que fazer um aborto vai provocar cancro da mama, que pode levar a distúrbios alimentares, que as vai deixar incapazes de amar ou cuidar dos filhos que já têm”, lamenta.
Ouvidos pelo Sunday Telegraph, ativistas “pró-escolha” dizem que chegar a um desses centros por engano, e ser atendida por voluntários com “qualificações mínimas”, pode deixar uma mulher confusa, traumatizada e com sentimentos de culpa, ao mesmo tempo que adia o acesso a cuidados médicos qualificados.
Quando uma das repórteres do jornal ligou para um dos contactos oferecidos pelo Google para perguntar se faziam abortos, recebeu uma proposta para marcar uma “consulta” no Alpha Pregnancy Center, com o argumento de que era melhor ir a uma “clínica” antes de “prosseguir com um aborto muito dispendioso”. Já no local, foi oferecida à jornalista a possibilidade de fazer uma ecografia gratuitamente “para ouvir o bater do coração do bebé”.
Um porta-voz da Google já reagiu, sublinhando o esforço da empresa para apresentar no seu motor de busca “resultados que sejam relevantes, corretos e que ajudem os utilizadores a encontrar o que procura” e lembrando que quem achar que um serviço está mal classificado ou classificado de forma enganadora deve reportar a situação.