“Se apenas banirmos as pessoas do estádio, elas não vão mudar o seu comportamento.” Bruce Buck, chairman do clube de futebol inglês Chelsea, explicou assim porque é que, em junho, 150 adeptos dos Blues foram ao campo de concentração nazi. O projeto começou a ser pensado no ano passado, depois dos cânticos antissemitas vindos das bancadas dos fãs na direção de adeptos de outros clubes.
O Chelsea pretende que estas viagens sejam formadoras de novas mentalidades e, consequentemente, comportamentos. “Esta política dá-lhes a oportunidade de perceberem o que fizeram, para que, no futuro, se queiram comportar melhor”, disse o presidente do clube.
A visita ao campo de Auschwitz, na Polónia, culminou com uma conversa com alguns sobreviventes do Holocausto.
Normalmente, o que os clubes da Premier League inglesa fazem é proibir a entrada dos adeptos que entoem cânticos racistas ou antissemitas, sejam para jogadores ou para outros adeptos. No entanto, e depois de dois episódios – um em 2016 contra os sócios do Tottenham e outro em 2017 num jogo com o Leicester – em que foram proferidos slogans e cânticos antissemitas, a direção do Chelsea resolveu tomar uma atitude.
Roman Abramovich, o bilionário dono do clube, ele próprio russo e judeu, chamou alguns dirigentes para conversar. Proibir a entrada dos sócios (até três anos) não estava a resultar e queriam fazer mais qualquer coisa. Depois de várias reuniões, incluindo encontros com o World Jewish Congress e o Holocaust Education Trust chgaram à conclusão que banir estas pessoas dos estádios não chega e, sobretudo, não resulta.
“Não somos ingénuos ao ponto de pensar que este pequeno programa vai resolver o problema do antissemitismo, mas temos esperança de que, se tivermos nem que seja um pequenino sucesso, outros clubes e mesmo outros desportos possam fazer algo de semelhante”, referiu Bruce Buck.
A primeira campanha, denominada “Diz não ao anti-semitismo”, foi lançada no fim de janeiro.
Entretanto, alguns dos adeptos que entoaram os cânticos foram identificados pelo clube e foi-lhes dada a opção de fazerem a viagem a Auschwitz ou serem banidos do clube. Além disso, estão a ser feitos workshops e passagem de filmes em escolas ou durante os encontros de fãs dos Blues.