Finalmente, um dia de descanso. Naquele sábado, 17 de junho de 1972, Bob Woodward estava de folga. Tinha 29 anos e era repórter do diário The Washington Post há uns escassos nove meses. Quando o telefone tocou em sobressalto, pouco depois das oito e meia da manhã, ouviu do outro lado do auscultador a voz do seu editor, Barry Sussman. Afinal, precisava dele na redação. Durante a madrugada, cinco homens tinham sido detidos numa aparente tentativa de assalto à sede do comité nacional do Partido Democrata, instalada no complexo de Watergate, em Washington. A menos de cinco meses das eleições presidenciais – o republicano Richard Nixon corria pela reeleição contra o democrata George McGovern –, o incidente merecia atenção.
À hora de almoço, Woodward foi ao tribunal assistir à audiência dos detidos. Um deles, James McCord, apresentou-se como antigo funcionário de uma instituição governamental. “Que instituição?”, perguntou o juiz. Por esta altura, o repórter já estava na primeira fila da assistência mas, mesmo assim, a resposta seria quase inaudível: “A CIA.” O grupo tinha sido apanhado na posse de equipamento de vigilância sofisticado e o suposto assalto começava, nesse momento, a assemelhar-se a uma conspiração… Era a altura certa para incluir na equipa de investigação o jornalista que, desde a manhã, estava ansioso por entrar na história, Carl Bernstein.
No dia seguinte, domingo, também não houve folga, e ambos continuaram no encalço das estranhas ligações do Watergate. Seguir-se-iam 928 dias de investigação conjunta – que contaram com a contribuição de vários repórteres do The Post – até o Presidente Nixon se demitir, a 9 de agosto de 1974, quando era já irrefutável a sua tentativa de boicotar a investigação judicial do “assalto” de Watergate que, na verdade, tinha como objetivo obter informações sobre os seus rivais políticos.
A queda estrondosa de Nixon tornou Bob Woodward e Carl Bernstein referências do jornalismo de investigação. O filme Os Homens do Presidente, realizado por Alan J. Pakula com base no livro que ambos escreveram, elevou-os a estrelas da cultura popular norte-americana. Contudo, nenhum deles encostou a carreira à sombra da glória de Watergate.
Tornaram-se inevitáveis as comparações entre o caso que derrubou a presidência de Nixon e a investigação sobre a eventual interferência russa nas eleições norte-americanas, com o conhecimento do Presidente eleito, Donald Trump. Mais de 40 anos separam os dois processos, mas Woodward e Bernstein podem voltar, agora, a ser determinantes no esclarecimento da verdade.
Intrépidos septuagenários
Aos 74 anos, Carl Bernstein fez parte do trio de repórteres da CNN que revelou, no final do mês passado, a disponibilidade do antigo advogado de Donald Trump, Michael Cohen, para provar que o Presidente sabia antecipadamente do encontro entre membros da sua campanha, incluindo o seu filho, Donald Trump Jr., e uma delegação russa, a 9 de junho de 2016. A reunião teria como fim obter informações comprometedoras sobre a sua adversária eleitoral, Hillary Clinton. Cohen não terá nenhuma gravação que comprove as suas alegações – os registos áudio de Nixon, realizados curiosamente por sua ordem, foram fundamentais no Watergate –, mas estará disponível para testemunhar.
Depois do encontro entre os líderes norte-americano e russo, em julho, em Helsínquia, Bernstein disse que os EUA estavam a viver uma situação única: “Nunca antes houve um momento na História em que pessoas sérias de ambos os partidos questionassem a lealdade do Presidente dos EUA.” O repórter septuagenário está decidido a continuar atento ao tema: “Há muitas reportagens ainda por fazer.”
No mês passado, foi a vez de Bob Woodward agitar a atualidade política ao anunciar que vai lançar um novo livro, a 11 de setembro, em que promete revelações sobre a “vida angustiante” na Casa Branca de Trump. O jornalista é um dos mais premiados e populares autores de não-ficção dos EUA. Uma dúzia das suas obras chegou ao primeiro lugar na lista de best-sellers e o seu 19º livro não deverá ser exceção: logo no dia seguinte ao anúncio do lançamento, houve uma corrida às pré-encomendas, e a obra chegou ao primeiro lugar na Amazon, a gigante das vendas online, fundada por Jeff Bezos que é, curiosamente, o atual proprietário do The Washington Post, onde Woodward trabalha desde 1971 – aos 75 anos, ocupa o cargo de editor associado, embora, na prática, passe pouco tempo na redação.
A expectativa em torno das revelações que o livro possa trazer é grande. O título promete: Fear: Trump in the White House. A escolha da palavra “medo” deve-se a uma resposta do atual Presidente, dada durante uma entrevista a Woodward e ao repórter do The Post Robert Costa. Quando os jornalistas lhe pediram um comentário sobre a forma como o ex-Presidente Barack Obama via o poder – “conseguir-se o que se quer sem precisar de exercer a violência” –, Trump mostrou ter uma opinião diferente do seu antecessor: “Poder real é, eu nem quero usar a palavra: medo.”
Woodward manteve um perfil discreto nos últimos 19 meses, enquanto trabalhava secretamente na obra. De acordo com a sua editora, acumulou centenas de horas de entrevistas e teve acesso a milhares de documentos. Aos amigos mais próximos, terá falado do regresso aos seus métodos de investigação da juventude – incluem aparecer em casa das fontes a horas tardias e sem se fazer anunciar, tal como nos tempos de Watergate. “É como um renascimento”, assegurou.
“Todas as fontes estão disponíveis para falar com Bob Woodward”, garante o jornalista Luís Costa Ribas, 59 anos. Por isso, acredita que o livro trará novidades.“ Residente nos Estados Unidos há 34 anos, o correspondente da SIC nos Estados Unidos já se cruzou com Bob Woodward em eventos e locais públicos. “É um homem franzino que nunca levanta a voz. Tenho muito boa opinião dele”.
A culpa dos média
“Há muita especulação em torno da Administração Trump e muito circo sobre o que pode ou não estar a acontecer. Bob Woodward irá além de tudo isso para nos dizer quem é verdadeiramente este homem e o que ele está realmente a fazer”, acredita o professor de Jornalismo da Universidade do Missouri, Walter Dean, 69 anos. No final dos anos 1970, houve um aumento da procura dos cursos de Comunicação Social, motivado pela investigação de Watergate. “Nessa época, o jornalismo tornou-se popular entre os jovens. Era uma forma de fazerem a diferença”, recorda o norte-americano, que também ensina regularmente nas universidades Nova de Lisboa e Lusófona. Hoje, não tem a certeza de que as novas gerações conhecem a dupla de jornalistas, mas a verdade é que, depois ter sido exibido recentemente na televisão, Os Homens do Presidente tornou-se um dos tópicos mais comentados na rede social Twitter.
Walter Dean faz questão de recordar que Watergate começou por ser um “caso de polícia”. E retira uma lição: “A chave da investigação foi a de existir, como prática, a cobertura das instituições locais, como as polícias e os tribunais, que garantia acesso a informação importante. Hoje, tal já não seria possível porque o jornalismo de proximidade colapsou”, lamenta.
O docente não duvida de que o rigor jornalístico, ao melhor estilo de Woodward e de Bernstein, é fundamental para distinguir o essencial do acessório, num contexto em que o Presidente está constantemente a mentir e a atacar a Imprensa livre. No passado domingo, depois de admitir num tweet que o encontro do seu filho Donald com uma delegação russa visava obter informação sobre um adversário – “totalmente legal e a acontecer a toda a hora na política” –, Trump publicou novos ataques aos média, que classifica como “os inimigos do povo americano”. Embora considere essa postura inaceitável, Walter Dean também admite que a comunicação social não está isenta de críticas. “Muitos meios de informação de Washington funcionam com a lógica ‘apanhei-te’ em relação ao Presidente. Ora, isso não serve bem as pessoas, é apenas puro entretenimento e emoção”, diz.
Bob Woodward tem alertado para os erros na cobertura da Administração Trump – sobretudo nas televisões. “Decidimos opinar demasiadas vezes, valorizando mais a opinião do que os factos, mas devemos dar os factos. Devemos ser diretos. Devemos ser desapaixonados.”
Numa entrevista conjunta à CNN, relembrou o exemplo de Watergate: “Quando escrevíamos sobre Nixon, obviamente estávamos numa era diferente, mas não adotávamos o tom da ridicularização. O tom era: quais são os factos?”
Também Bernstein aproveitou a ocasião para recuperar lições do passado. “Ao longo de Watergate, Nixon tentou focar a conduta da imprensa, em vez de a sua ou a das pessoas que o rodeavam. Donald Trump vai ainda mais longe. Ele tenta minar a credibilidade da Imprensa enquanto instituição nacional”, acusa. “Às vezes, somos demasiado provocadores com um Presidente que lança muitos iscos, mas quando mordemos o isco, tornamo-nos mesquinhos”, alerta. “Afinal, é vital para Trump manter a sua base de apoio mobilizada contra a Imprensa porque ela diz a verdade.”
“A atenção dos média foi desviada para os flashes”, ilustra Walter Dean. “Trump publica alguma coisa no Twitter e consegue marcar a agenda, mas a publicação pode não ter nada a ver com política, às vezes é só um tipo a dizer coisas.” E, muitas vezes, a antagonizar toda a gente, incluindo as secretas norte-americanas, talvez esquecendo-se de que o Garganta Funda do caso Watergate era o ex-diretor-adjunto do FBI, Mark Felt…
Luís Costa Ribas considera a cobertura jornalística das televisões especialmente frágil.
“Transformaram os noticiários em circo. Seis pessoas a comentarem um tweet de Trump é muito mais barato do que fazer uma reportagem”, aponta. Pior: “As televisões estão a tornar-se dependentes de Trump para as suas audiências” – a CNN teve lucros recorde em 2017. Ora, “dizer mal não é fazer escrutínio. Escrutinar implica analisar o impacto das ações sobre os cidadãos”. Já na Imprensa, em publicações como o The New York Times ou o The Washington Post, tem visto do melhor jornalismo – também Bernstein afirma que estes jornais estão a fazer a melhor cobertura presidencial dos últimos 50 anos. O NYT conquistou 109 mil novos subscritores digitais nos últimos quatro meses, somando agora 2,9 milhões de assinantes online (e cerca de um milhão em papel). “As pessoas que não se identificam com as televisões estão a procurar a Imprensa”, conclui Costa Ribas.
O regresso do jornalismo
A façanha de Woodward e de Bernstein ocupa boa parte do seminário de Jornalismo de Investigação lecionado por Pedro Coelho, 52 anos, na Universidade Nova de Lisboa. Invariavelmente, Watergate é o primeiro (bom) exemplo de que professor e alunos se lembram. “Persistência, coragem e capacidade de resistir à pressão” são as características que o jornalista da SIC atribui aos dois protagonistas. “A credibilidade deles foi de tal forma solidificada ao longo da carreira que não acredito que optem por uma postura diferente agora”, defende.
Pedro Coelho acredita que só a investigação poderá distinguir o jornalismo da restante informação disponível. Contudo, hoje seria mais difícil adotar a postura de resistência do The Post. “Atualmente, se a investigação se cruzar com os interesses dos grupos de comunicação social, colapsa.”
Durante a investigação de Watergate, que se prolongou ao longo de quase dois anos, o The Post viu as autoridades governamentais desafiarem a sua credibilidade e beneficiarem a concorrência. Todavia, no seu livro de memórias, a então proprietária do jornal, Katharine Graham, admitiu que o mais complicado foi lidar com a ameaça de cancelamento das licenças de transmissão de dois lucrativos canais de televisão da Florida que pertenciam ao jornal.
Katharine Graham já tinha mostrado a sua determinação com a publicação, em 1971, dos Pentagon Papers (documentos que revelavam informação secreta sobre a Guerra do Vietname). A história está dramatizada no filme The Post, de Steven Spielberg. Meryl Streep interpreta a empresária na “perfeição”, disse Woodward, depois da estreia.
A proprietária do jornal só se encontrou com o repórter pela primeira vez desde o início da investigação a 15 de janeiro, de 1973 – Bernstein estava fora da cidade. “Quando é que vamos deslindar toda esta história?”, perguntou-lhe. “Nunca”, respondeu-lhe Woodward. Graham não gostou da resposta. “Nunca? Não me diga nunca! Por que razão acha que continuamos o nosso trabalho? Porque é esse o nosso negócio.” Desde aquele almoço, Woodward defende que deveria haver uma placa à entrada do jornal que dissesse “Nunca? Nunca me diga nunca.”
O historiador norte-americano Daniel Feller, 67 anos, atribui um lugar marcante na História ao escândalo de Watergate: “Foi único. Mostrou que um Presidente em exercício podia ser investigado. Até aí, não havia esse precedente.” O docente da Universidade do Tennessee identifica a sombra de Watergate nas presidências que se seguiram. “Tornou-se uma rotina a possibilidade de o Presidente ser suspeito de alguma coisa.” Veja-se os casos da investigação à relação extraconjugal do Presidente Bill Clinton ou do inquérito à revelação da identidade de uma operacional da CIA durante a Administração de George W. Bush. Dos oito presidentes que se seguiram a Nixon, incluindo Trump, apenas Obama escapou a uma investigação independente às suas atividades, às dos seus subordinados ou às da sua família.
Tal como Nixon, também Trump classifica a investigação de que é alvo como uma “caça às bruxas”. Além dos casos judiciais, Nixon e Trump têm em comum o desprezo pela comunicação social. Contudo, Carl Bernstein descreve o atual Presidente como absolutamente “sui generis”. Nos seus comentários regulares no canal de televisão CNN, fez referência à sua “habitual aversão a dizer a verdade” e à sua “disponibilidade para acolher noções racistas e autoritárias”.
Novo “impeachment”?
A especialista em Estudos Americanos Teresa Botelho destaca uma diferença substancial na diatribe de ambos os presidentes contra os meios de informação: “Não é que Nixon não tivesse ressentimento contra a Imprensa, mas não era acompanhado pelo eleitorado.” Atualmente, 43% dos norte-americanos têm uma opinião negativa dos média, segundo um estudo da Gallup e da Knight Foundation. “Hoje há uma grande manipulação dos factos, e as pessoas procuram a informação que corresponde aos seus preconceitos. O conceito de mainstream média, tão importante na década de 1970, parece já não existir”, avança a docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Luís Costa Ribas dá um exemplo do enviesamento de alguns média. O canal de notícias conservador Fox News anunciou que “Woodward vai atrás de Trump com um livro secreto”, o que já indicia alguma “demonização”.
Teresa Botelho tem dificuldade em comparar o desempenho dos dois executivos. “Havia racionalidade e seriedade na política externa de Nixon, talvez devido ao seu secretário de Estado, Henry Kissinger. Não existe essa coerência nesta Administração, só vemos os diplomatas a tentarem gerir o caos.” São os próprios EUA que estão a destruir a ordem que ajudaram a forjar após a II Guerra Mundial. “Quando o Presidente se volta contra a NATO, a União Europeia e o mercado internacional, que levaram décadas a ser construídos, parece um suicídio dos EUA a nível mundial.” Sem esquecer que a China está à espreita para fazer deste o seu século. “A última pessoa que se esperava que fosse o agente desta destruição era o Presidente dos EUA”, remata.
Carl Bernstein considera Trump pior do que Nixon, uma vez que o Presidente que se demitiu para evitar o impeachment nunca demonstrou “não ter os requisitos necessários para exercer os poderes do Presidente de forma competente”. Já Trump, na sua opinião, “pode ser simultaneamente acusado de ilegalidades e de incompetência”.
Walter Dean identifica outras diferenças entre os dois: “A Administração de Trump está sempre a rebentar tudo com explosões. No tempo de Nixon, tudo era feito de forma muito mais silenciosa.” Admite que o trabalho dos jornalistas de investigação seja hoje mais complicado do que então. “Tudo revolve em torno de uma pessoa imprevisível, é muito difícil perceber qual é a verdadeira política no meio do caos, e não é fácil saber por onde começar.”
O jornalista norte-americano encontra, no entanto, um traço comum em Nixon e Trump: “Nenhum deles ficará na História como um bom Presidente.”
Luís Costa Ribas acredita que o procurador especial Robert Mueller – que também não tem escapado aos tweets raivosos de Trump… – só não concluirá a investigação se for exonerado. O Times noticiava em janeiro o desejo do Presidente de o dispensar. “Se Trump sentir que pode demitir o procurador sem que o Congresso se volte contra ele, é possível que o faça”, alerta. E o cerco está a apertar-se. Tal como revelou a notícia da qual Bernstein é um dos coautores, se o ex-advogado do Presidente conseguir provar que ele sabia antecipadamente do encontro para recolher informações comprometedoras sobre os Democratas, poderá haver matéria para a acusação judicial de conluio e obstrução à justiça. Caso contrário, a investigação poderá ser inócua.
Quanto à possibilidade de impeachment, o correspondente lembra que essa será sempre uma decisão política, já que cabe ao Congresso desencadear o processo. O impeachment só acontece se a Câmara dos Representantes e o Senado o votarem – atualmente são ambos controlados pelos Republicanos. No caso de Nixon, os Democratas detinham a maioria no Congresso. Além disso, as ilegalidades tornaram-se tão flagrantes que os seus correligionários o abandonaram. Não é claro que aconteça o mesmo com Trump. “Muitos Republicanos temem perder eleições se desafiarem o Presidente”, contextualiza Costa Ribas. Se os Democratas vencerem as eleições intercalares de novembro (serão votados os 435 lugares da Câmara dos Representantes e 35 dos 100 lugares do Senado), o futuro de Trump poderá ser diferente. O historiador Daniel Feller acredita que, se ganharem, os Democratas iniciarão o processo de impeachment no dia seguinte. E, perante esse cenário, alguns Republicanos poderão juntar-se.
John Dean, ex-advogado da Casa Branca de Nixon e testemunha chave de Watergate, já afirmou que se o canal de notícias conservador Fox News existisse nos anos setenta, o presidente não teria sido obrigado a demitir-se. Donald Trump mantém uma taxa de aprovação entre os Republicanos a rondar os 80% (e de 41% entre a população total).
Apesar de já não trabalharem em dupla, os dois jornalistas mantêm contacto regular. “Ele é viciado em notícias e eu também sou viciado em notícias”, justificou Woodward, na semana passada, ao The Post. Bernstein corroborou a boa saúde da longa relação de amizade de ambos: “Mantemo-nos bastante bem informados um sobre o outro. Obviamente, fazemos coisas diferentes, mas temos uma vida inteira de entendimento recíproco a olhar para as notícias em conjunto.”
Bernstein não disfarça a incredulidade perante a longevidade das suas carreiras: “Imaginem, aqui estamos nós, aos 74 e aos 75 anos, ainda a fazer jornalismo.” E, quem sabe, prestes a voltar a alterar a História dos Estados Unidos da América. E do mundo.
Cronologias
Bob Woodward
1943 – Nasce, a 26 de março, no Illinois – continuando ativo aos 75 anos. Estudou História e Literatura Inglesa na Universidade de Yale e pertenceu à Marinha norte-americana
1970 – Depois de terminar o serviço militar, é aceite na faculdade de Direito da Universidade de Harvard, mas prefere candidatar–se ao lugar de repórter no The Washington Post. Não é contratado por falta de experiência
1971 – Ao fim de um ano no Montgomery Sentinel, é chamado pelo The Washington Post, onde fez toda a sua carreira jornalística. Hoje, ocupa o cargo de editor associado
1973 – Vence o Pulitzer na categoria de Serviço Público, juntamente com Carl Bernstein, pela investigação do escândalo Watergate. No ano seguinte, publicam o livro All the President’s Men
2003 – Volta a vencer o Pulitzer, desta vez na categoria de Reportagem Nacional, pela cobertura do 11 de Setembro
2005 – Escreve The Secret Man, que conta a história do Garganta Funda do caso Watergate, o ex-diretor-adjunto do FBI, Mark Felt
2018 – Prepara-se para lançar, em setembro, o livro Fear: Trump in the White House
Carl Bernstein
1944 – Nasce, a 14 de fevereiro, em Washington DC, no seio de uma família judaica. Hoje, tem 74 anos e quase 60 de jornalismo. Aos 16, começou a trabalhar como moço de recados no jornal The Washington Star
1966 – Chega ao The Washington Post com 22 anos. Cobre temas relacionados com política, polícia, tribunais e direitos civis
1972 – Começa a investigar Watergate juntamente com o recém-chegado à redação Bob Woodward
1977 – Deixa o The Washington Post e começa a investigar as relações secretas entre a CIA e os média norte-americanos durante a Guerra Fria
1992 – Revela, na revista Time, a aliança secreta entre o Papa João Paulo II e o Presidente Ronald Reagan com o objetivo de apoiar o movimento Solidariedade na Polónia. Em 1996, escreve em coautoria uma aclamada biografia de João Paulo II
2018 – Numa investigação conjunta com outros repórteres da CNN, revela que o advogado de Trump, Michael Cohen, estará disposto a testemunhar que o Presidente sabia do encontro entre membros da sua campanha e uma delegação russa