Faz esta quarta-feira um ano que o mundo assistia, mais ou menos incrédulo, à eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, depois de uma campanha marcada por ataques à sua adversária a corrida à Casa Branca, Hillary Clinton, e algumas promessas radicais, como o fim do Obamacare, a construção de um muro na fronteira com o México (pago pelo país vizinho) e reversão das políticas ambientais do seu antecessor.
Aqui fica um balanço de cinco das promessas de Trump nestes primeiros 365 dias.
Retirada do Acordo de Paris
Cumprida. Donald Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre alterações climáticas, assinado por quase 200 países em dezembro de 2015, com o argumento de que o entendimento deixava os trabalhadores americanos, sobretudo os cerca de 80 mil da indústria do carvão, em “desvantagem económica”.
Durante a campanha eleitoral, Donald Trump demonstrou-se cético em relação às alterações climáticas, chegando a afirmar que estas não passavam de “uma invenção chinesa” para atacar a economia americana e destruir diversos postos de trabalho.
A retirada do Acordo de Paris só será materializada a 4 de novembro de 2020 (sensivelmente a dois meses do final do seu mandato e nos dias seguintes às presidenciais nos EUA), conforme está referido no Artigo 28º do acordo: três anos depois da sua entrada em vigor, mais 12 meses para ser consumado após ser entregue uma notificação.
O encerramento das fronteiras
Ainda não. O impedimento da entrada de muçulmanos, e não só, no país foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de Trump. E no logo na primeira semana depois da tomada de posse, o Presidente impôs uma proibição de entrada nos EUA de cidadãos de seis países de maioria muçulmana: Síria, Líbia, Sudão, Somália, Iémen, Iraque e Irão.
Os tribunais federais do Havai e da Califórnia travaram a proibição, classificando-a como inconstitucional. Uma segunda versão do decreto retirou o Iraque da lista e voltou aos tribunais, tendo obtido um aval parcial do Supremo. Uma terceira versão passou a incluir estrangeiros oriundos da Coreia do Norte, da Venezuela e do Chad e também não passou nos tribunais dos estados do Havai e de Maryland. Está a caminho do Supremo Tribunal.
Pôr o méxico a pagar pelo muro na fronteira
Falhada. A construção de um muro ao longo dos mais de 3 mil quilómetros de fronteira com o México foi uma das bandeiras eleitorais de Trump, que chegou a garantir que os EUA avançavam com a construção mas que o México teria depois de reembolsar o país.
Há estimativas de custos para todos os gostos, mas alguns cálculos colocam o muro na casa do equivalente a 21 mil milhões de euros.
Acabar com o Obamacare e substituí-lo
Ainda não. A promessa de acabar com o Affordable Care Act, o plano de saúde estabelecido por Barack Obama foi uma das mais insistentes durante a campanha de corrida à Casa Branca, mas tem sido uma dor de cabeça para Trump. Na verdade, foi a primeira grande derrota política do Presidente norte-americano, que acabou por ter de solicitar aos republicanos que retirassem e não levassem a votação na Câmara dos Representantes o seu projeto de lei emblemático de reforma do sistema de acesso aos cuidados de saúde, por falta de maioria.
Na altura, Trump reagiu, declarando que a atual lei vai “explodir”, mas que ia então focar-se noutra área, “provavelmente” a fiscal.
Revogar o acordo nuclear com o Irão
Cumprida. Com Obama, o Irão aceitou restringir o seu programa nuclear em troca do alívio das sanções económicas impostas ao país pelos EUA. Trump prometeu um “acordo totalmente diferente” e embora não tenha, até agora, revogado por completo o acordo, optou por não o certificar dentro do prazo que terminava em outubro deste ano. Isto não implica uma saída automática dos Estados Unidos do inédito acordo, que resultou de 13 anos de negociações – cabe agora ao congresso decidir o que fazer.