A execução de Marcellus Williams, 48 anos, estava agendada para as 19h00 locais (meia-noite em Lisboa), mas os advogados pediram ao Supremo Tribunal que suspendesse o cumprimento da sentença e examinassem o que classificam como novas provas da sua inocência. A execução acabou por ser suspensa, a escassas horas do seu cumprimento, por decisão do governador Eric Greitens, que ordenou uma revisão do caso.
“Uma condenação à morte é o derradeiro e permanente castigo”, considerou o governador, em comunicado. “Para cumprir a pena de morte, o povo do Missouri deve ter confiança no julgamento da culpa”, explicou.
Em causa está o que o advogado Kent Gipson, da defesa, descreve como “provas científicas conclusivas de que outro homem cometeu o crime”.
A acusação, no entanto, pede que a pena de morte seja cumprida, argumentando que as provas de ADN não valem mais que todas as outras não genéticas que ligam o condenado ao crime.
Williams foi declarado culpado da morte de Felicia Gayle, 42 anos, ex-jornalista do St. Louis Post-Dispatch, que foi esfaqueada 43 vezes quando se encontrava na sua casa, em agosto de 1998.
Segundo os advogados de defesa, a arma usada no crime não tinha qualquer vestígio do ADN de Marcellus Williams mas sim de outro homem, uma prova que não estava disponível quando decorreu o julgamento, em 2001. Williams insistiu sempre na sua inocência e diz que foi condenado com base no testemunho de indivíduos que são, eles próprios, criminosos condenados.
O perito forense Greg Hampikian, contratado pela defesa, explicou à CNN que a análise de ADN na faca “não é suficiente para incriminar alguém, mas é suficiente para excluir alguém”. “É como encontrar um cartão da Segurança Social com alguns números ilegíveis. Há sempre os suficientes para, pelo menos, excluir alguém”, compara.
A Procuradoria-Geral tem outra teoria: A nova “prova de ADN não mostra, nem por sombras, que Williams é inocente”, lê-se nos documentos no tribunal. “Não seria surpreendente se Williams, que usou um casaco da cena do crime para tapar a sua camisa ensaguentada, tivesse usado luvas quando cometeu o assalto e o assassinato”.
“Com base nas outras provas neste caso, o nosso gabinete está convicto da culpa de Marcellus Williams e tenciona avançar”, concluiu a Procuradoria-Geral do Missouri.
Além da ausência de ADN Williams na arma, os cabelos encontrados na cena do crime também não coincidem com os seus, assim como uma pegada. Das tais provas não genéticas, faz parte um computador portátil do marido da vítima, vendido por Williams e que a polícia recuperou, e alguns bens pessoais de Felicia Gayle, encontrados no porta-bagagens do carro do condenado.