A vertiginosa onda de decisões que Donald Trump tomou em três semanas pôs o mundo em alvoroço. A “tweetmania” do presidente dos EUA, que ora insulta ora… insulta (mesmo, e quando, é “apenas” a inteligência) abala a confiança de qualquer democrata. A falta de um mínimo de polidez para falar em público e o dedo sempre em riste a apontar, a responsabilizar os outros quando não consegue levar a sua avante (“se alguma coisa acontecer a culpa é do juiz”, para o magistrado que não aceitou a sua ordem de impedir cidadãos de sete países muçulmanos de entrar nos EUA).
De facto, nestas últimas semanas, todos os sinónimos têm sido utilizados para caracterizar uma “política” que não se sabe onde irá dar, mas que se suspeita… Pois alvoroço é pouco. Abalo, tumulto, agitação, perturbação. Já para não falar do “terrorismo mediático” causado por uma equipa de assessores que ostraciza jornalistas e um naipe de conselheiros que parecem saídos de um filme de catástrofes.
No meio de todo este, lá está, alvoroço, há quem ponha em causa a saúde mental de Donald Trump.
“Narcisista.” “Não é mentalmente saudável.” As palavras são de Eliot Cohen, ao jornal online Huffington Post. Este antigo conselheiro de George W. Bush e membro do seu Conselho de Segurança Nacional, professor na universidade Johns Hopkins, diz: “Nunca vi nada assim. Penso, genuinamente, que não temos um presidente mentalmente saudável”.
Cohen, que antes tinha aconselhado jovens conservadores a voluntariar-se para irem trabalhar com a nova administração, mudou de ideias, em novembro, depois de uma conversa com alguns membros da equipa de transição de Trump. “Trabalhar para este presidente poderia comprometer a integridade e a reputação de qualquer pessoa”, apontou. No Twitter acrescentou: “mudei a minha recomendação: fiquem longe. Eles estão zangados, são arrogantes e andam a gritar ‘vocês PERDERAM’. Não vai ser bonito”.
No Washington Post, o especialista em segurança nacional, escreveu que chegou à conclusão que “o conselho que tinha dado estava errado” e que a equipa de Trump iria ser composta por ‘yes men’. Já esta semana, referiu que não pode censurar John Bercow, presidente da Câmara dos Comuns (parlamento britânico), por não querer que Trump discurse na “sua casa” na visita que fará a Inglaterra ainda este ano.
Mas Eliot Cohen não é o único a falar sobre as capacidades mentais do presidente norte-americano, do seu temperamento volátil ou falta de adaptação para a função que desempenha.
Antes de 2016 acabar, três conceituados psiquiatras de Harvard escreveram uma carta ao ainda presidente Barack Obama (a tomada de posse de Donald Trump aconteceu a 20 de janeiro) sobre a estabilidade mental do presidente.
“Tem havido relatos frequentes da sua instabilidade mental – como grandiosidade, impulsividade, hipersensibilidade à crítica e uma aparente incapacidade de distinguir entre fantasia e realidade – que nos levam a questionar sua aptidão para as imensas responsabilidades do cargo”. Estes especialistas recomendaram uma urgente e “completa avaliação médica e neuro psiquiátrica”.
Também um grupo de psicólogos se uniu e criou o “Terapeutas contra o Trumpismo” como forma de lutarem contra quem exclui “grupos de pessoas”; “persegue o culto da personalidade; “reinventa a História e tem tão pouca preocupação com a verdade”.