Alimenta-se da insegurança, do sentimento de injustiça e da desigualdade. Vai tecendo ódios, criando inimigos e papões, os quais é depois preciso combater. O facto de algumas vozes da extrema-direita europeia se apresentarem como líderes sofisticados e modernos dificulta ainda mais a situação. Às voltas com o Brexit e a visita de Trump, depois do convite formal lhe ter sido dirigido durante de Teresa May aos Estados Unidos, o Reino Unido fez uma outra escolha surpreendente, ao contratar uma agência de publicidade para conduzir uma campanha que refreie essa ascensão extremista, conta o The Guardian.
Esta preocupação, sabe-se, cresceu a partir do assassinato da deputada Jo Cox. Eleita pelo Partido trabalhista, em maio de 2015, a parlamentar tinha-se empenhado na questão da guerra civil na Síria, tendo fundado o grupo parlamentar interpartidário Amigos da Síria. Em junho de 2016, prestes a cumprir 42 anos, foi baleada e esfaqueada por um homem de 52 anos, minutos antes de uma reunião com os seus eleitores. Os relatos iniciais indicaram que o agressor gritou “Grã-Bretanha em primeiro lugar” ( onde é que já ouvimos isto…) Pouco depois, o partido de extrema-direita Britain First emitiu um comunicado a negar qualquer envolvimento no ataque: a frase poderia estar a ser usada como um slogan em vez de uma referência ao partido, escudou-se.Thomas Mair, como foi identificado o homicida, foi entretanto condenado
Além disso, desde o início de 2016 que se registam manifestações extremistas no sudeste do país, maois propriamente em Dover, cidade irmã de Calais, onde o acampamento de migrantes crescia e se multiplicava – até o acordo com a França para construir um muro e impedir os refugiados de tentar a passagem para terras de sua majestade.
Perante o conhecido número crescente de ataques extremista no país, Diane Abbot, a deputada trabalhista que foi a primeira mulher negra a ser eleita para a câmara dos comuns, em 1987, veio a público reconhecer que a estratégia adotada até agora não estava a ser bem sucedida.
Eis então que, para ajudar o governo britânico, foi contratada a gigante da publicidade M&C Saatchi. O seu objetivo primeiro é combater os falsos mitos racistas que inundaram a internet: no centro das suas preocupações, fizeram saber, está a publicação digital americana Breitbart, que se converteu num ponto de encontro para a extrema-direita.
Trata-se da mesma agência que ajudou Margater Tatcher a ganhar o poder, nos anos 1980, e também John Major, este embora com menos margem.
A medida faz parte de um plano de Teresa May, que ascende a perto de 70 milhões de euros.