O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, anunciou esta manhã que não se recandidata a um terceiro mandato à frente do parlamento composto por representantes dos 28 estados-membros. Retira-se das lides europeias para se dedicar à política do seu país, a Alemanha. “Não vou candidatar-me a um terceiro mandato como Presidente do Parlamento Europeu (PE). No próximo ano, irei candidatar-me ao Bundestag como cabeça de lista do Partido Social-Democrata (SPD) na Renânia do Norte-Vestfália”, disse esta manhã, em conferência de imprensa.
Não tendo sido dada aos jornalistas a possibilidade de se colocarem perguntas, Schulz acabou por não esclarecer se se candidata apenas a um lugar no Bundestag ou se, como é de prever, venha a concorrer ao lugar de chanceler, nas eleições de agosto do próximo ano.
A verdade é que o partido de Martin Schulz, que é também o parceiro de coligação no governo de Angela Merkel, ainda não escolheu o seu candidato a lugar cimeiro do país. Enquanto Merkel anunciou, no último domingo, a sua intenção de se recandidatar, o SPD remeteu para janeiro a divulgação do nome do seu candidato. De acordo com o jornal online Politico, que cita o Frankfurter Allgemeine Zeitung, Schulz já pediu ao líder do SPD, Sigmar Gabriel, para pôr o seu nome na lista de candidatos (do SPD) a chanceler. Acontece que, segundo o mesmo jornal, Gabriel, que é atualmente ministro da Economia e Tecnologia e vice-chanceler, estará a considerar entrar também na corrida pelo lugar de Merkel.
Hoje, Schulz anunciou o fim de um ciclo, na sua vida a 28, e o ínicio de um novo, mais “caseiro”. Sente que tornou o Parlamento Europeu mais visível, mais audível e com maior influência. Promete manter-se engajado com o projeto europeu, porque “nunca como nos tempos que correm” se precisou tanto de uma Europa “forte, auto-confiante e unida”. Garante que com esta transferência, o seu compromisso com o espírito europeu se manterá “inabalável”, prometendo lutar por ele e pelo projeto europeu a nível nacional.
Não sendo (ainda) um adeus, Schulz começa a despedir-se e a posicionar-se, porque se a sua intenção é confrontar-se com Angela Merkel, ainda tem muito caminho a percorrer, na cena da maior economia europeia. Gabriel e Schulz vão enfrentar-se, na luta pelo lugar de candidato a chanceler ou terá sido firmado algum tipo de acordo entre os dois? Nesta equação, será de considerar a variável de Frank-Walter Steinmeier, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, do SPD, ter sido nomeado, pelo governo, o sucessor de Joachim Gauck na Presidência da República, lugar que passará a ocupar em fevereiro do próximo ano?
Schulz sai do Parlamento Europeu. Para onde pretende ir é toda uma outra coisa.