Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, surgia nem há um mês a 30 pontos percentuais de Alain Juppé e a 12 de Nicolas Sarkozy, num cenário de confronto direto com um ou com outro na segunda volta das eleições presidenciais, a 7 de maio. Só que a mulher que sucedeu ao pai na Frente Nacional tem vindo a ganhar terreno e ainda mais desde que Donald Trump venceu nos Estados Unidos: o mais recente estudo de opinião, da Ipsos, já a coloca em vantagem sobre Sarkozy por 7% (29% contra 22%) e a apenas 7% de Juppé (36%).
É com a ameaça de uma réplica da América no horizonte que o centro-direita francês está hoje nas urnas a escolher o seu candidato presidencial, o único que poderá travar a ascensão de Le Pen ao poder, uma vez que todos os potenciais candidatos de esquerda, do Presidente François Hollande ao primeiro-ministro Manuel Valls e outros (a decisão só deve ser tomada no final de janeiro), aparecem a larga distância nas sondagens.
Alain Juppé, ex-primeiro ministro e atual presidente da Câmara de Bordéus, e Nicolas Sarkozy, ex-Presidente da República, foram durante muito tempo os únicos favoritos, entre um total de sete candidatos, a passar à segunda volta nas primárias dos conservadores franceses. Mas na reta final da campanha o outsider François Fillon, outro ex-primeiro ministro, intrometeu-se nas contas e os três estavam tecnicamente empatados nas últimas sondagens, com Fillon ligeiramente na dianteira. No mercado de apostas, segundo dados do site betdata.io, é ele o único à frente de Le Pen (clique para ver o gráfico) na corrida à presidência de França.
Para o influente filósofo e escritor Bernard-Henry Levy, as sondagens que apontam o mais moderado Alain Juppé como o candidato mais forte para derrotar Le Pen não passam de uma ilusão e são comparáveis às que não anteciparam a vitória do Brexit no Reino Unido nem a de Trump dos EUA. “Quero alertar os media para não seguirem as sondagens outra vez. Estão erradas”, declarou ao The Telegragh, garantindo que Nicolas Sarkozy é o único capaz de “adaptar as suas políticas para algo similar às de Le Pen – ou simplesmente roubá-las -, embora com a diferença que ele não acredita nelas”.
Se a estratégia resultar, diz Levy, o ex-presidente terá “uma hipótese” de travar Le Pen, numa época em que “as pessoas ligam cada vez menos à política e estão ainda menos preocupadas se os candidatos dizem a verdade ou não”. Em vez isso, “estão mais interessadas na qualidade teatral”, remata o francês.