Não são orelhas nem caudas de coelhinhos. Desta vez, aquilo que promete chamar à atenção na revista Playboy é a fotografia de uma mulher a usar um hijab. A jornalista Noor Tagouri usa blusão de pele preto, calças de ganga, ténis e o tradicional lenço que tapa o cabelo, o pescoço e as orelhas, deixando só o rosto de fora.
A muçulmana Noor Tagouri, de 22 anos, nasceu no Estado da Virgínia Ocidental. É filha de pais líbios que emigraram para aos Estados Unidos.
A fotografia promete ficar na história da revsita e está integrada na edição de outubro, intitulada “Renegados”, que promete dar projeção a quatro pessoas que “Arriscaram tudo – incluindo as suas vidas – para fazer aquilo que amam”. Assim, Noor vai estar ao lado de uma ativista, um comediante e um romancista.
Noor Tagouri licenciou-se aos 20 e foi, nesse mesmo ano (2012), a personagem principal da campanha #letNooriShine, que a fez chegar a centenas de milhares de seguidores nas redes sociais e a transformou numa figura pública. Em 2015, numa inspiradora conferência da TEDx, defendeu “a rebeldia como a verdadeira honestidade dentro de cada um de nós”.
A publicação descreve Noori como uma ativista badass, ou seja, com “pêlo na venta”. Foi a primeira pivot muçulmana a usar Hijab na televisão comercial americana e assume que as lutas que travou por crescer como muçulmana nos Estados Unidos a ajudaram muito na sua carreira como repórter. Além disso, como conta no artigo publicado no site oficial da Playboy, Noori sente que as entrevistas sobre traumas e sofrimento, que são as mais dificeis de conseguir, são para ela um pouco mais fáceis. Como conta, recentementre fez um documentário sobre abusos médicos e institucionais e deu por ela a dizer: “Hey, eu sei como é ser mal representada nos media. Eu não vou fazer isso consigo. Eu quero contar a sua história porque é importante e merece justiça.”
Esta é uma decisão de aparecer na Playboy é pouco consensual, sobretudo entre a comunidade muçulmana. Apesar das criticas, nomeadamente por esta ser uma revista que sempre promoveu a objetificação das mulheres, Noori não tem dúvidas: “Não leio nem presto atenção a nada disso. É só energia negativa e não é saudável.”
A novidade de dar destaque a esta mulher que não aparecerá despida vai ao encontro dos planos da nova direção da revista americana, que ainda não parou de inovar. E o destaque vai, precisamente, para o fim das fotografias de nus integrais.