Ao fim de oito dias de greve de fome, a 24.ª que faz desde 1995 em defesa dos direitos humanos em Cuba, o ativista Guillermo Fariñas foi ontem transportado para o hospital com perda de consciência. A imagem deste opositor do regime, a caminho das urgências à boleia de um carro que passava naquele instante na rua, e amparado pelo amigo Jorge Montiel, focou os holofotes na sua causa. A razão desta última greve de fome, iniciada no passado dia 19, prende-se com os maus tratos que diz ter sofrido das autoridades após ter-se interessado por um dissidente atualmente detido.
Dois dias antes de ter sido levado para o hospital, Fariñas, de 54 anos, recusou ser internado, contrariando as instruções da médica que o tinha observado em casa, já bastante debilitado, com sinais óbvios de desidratação. Segundo José Ramón Borges, coordenador do fórum antitotalitário FANTU em parceria com Fariñas, ele só aceitava ir para o hospital se perdesse a consciência, o que acabou por acontecer ontem, com menos nove quilos do que pesava quando iniciou este protesto.
Assim que recuperou a consciência, porém, o vencedor em 2010 do prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu, pediu para regressar a casa. Depois de hidratado, o homem que esteve preso mais de 11 anos com Fidel Castro no poder assinou o termo de responsabilidade e forçou a alta médica. A greve de fome mantém-se, contra a repressão do regime de Raúl Castro.