A tentativa de golpe de Estado na Turquia levou o Presidente Recep Tayyip Erdogan a prometer erradicar de todas as instituições o “vírus” que o provocou. E, nos dez dias que se seguiram até hoje, a ‘limpeza’ atingiu primeiro os quadros militares e do sistema jurídico e chegou agora à companhia aérea detida pelo estado, a Turkish Airlines, e também à comunicação social.
Na Turkish Airlines, a associação ou possível apoio ao golpe de Estado falhado levou ao despedimento de cerca de 350 pessoas, desde cargos de topo à tripulação dos aviões. Outras notícias, porém, dizem que estes despedimentos na quarta maior companhia aérea a servir na Europa se deveram a baixo rendimento. Um dos despedidos era o responsável pela gestão financeira da Turkish Airlines.
Os jornalistas também vão sofrer consequências. De acordo com os media locais, foram emitidos 42 mandatos para chamar jornalistas a depor por possíveis ligações ao golpe de Estado falhado. Não se sabe se algum dos notificados já foi detido ou inquirido pelas autoridades.
Já na Turk Telekom, foram despedidas 198 pessoas. A operadora móvel justificou a decisão por se tratarem de funcionários que tinham sido convocados a depor por possível envolvimento na tantativa de golpe de Estado.
As empresas ligadas ao imã Fettulah Gülen, que Erdogan aponta como o principal suspeito de ter incitado ao golpe de Estado, já foram forçadas a parar o seu funcionamento devido à investigação em curso. O Presidente da Turquia já pediu a extradição de Güllen, que se encontra exilado nos Estados Unidos.
Antes destes desenvolvimentos mais recentes, o acesso à internet já tinha sido restringido e todos os estudantes universitários foram impedidos de viajar, assim como foi pedido o regresso ao país de todos os que estão no estrangeiro.
As medidas surgem enquadradas no estado de emergência decretado na Turquia. A tentativa de golpe de Estado no passado dia 15 levou à morte de mais de 240 pessoas, sendo que foram contabilizados mais de 2000 feridos.