A Ryanair, companhia de voos low cost com sede na Irlanda, apresentou queixa às autoridades de concorrência da Alemanha e da União Europeia (UE) contra a Air Berlin, declarada insolvente no passado dia 15 de agosto. Em causa, está o facto de a transportadora ter obtido um empréstimo de 150 milhões de euros do governo da Alemanha, logo após o pedido de proteção contra credores, justificado pela necessidade de manter as operações nos próximos três meses para assegurar as ligações em época de férias.
Em curso, estão negociações para a venda dos ativos da Air Berlin à transportadora alemã Lufhtansa e também à easyJet, mas o governo alemão rejeitou a acusação da Ryanair de “óbvia conspiração”, negando que o empréstimo seja destinado a manter a Air Berlin ativa até que seja encontrado um comprador. Uma porta-voz do Ministério de Economia da Alemanha considerou um “absurdo” alegar que o pacote de resgate é uma ajuda encapotada às empresas envolvidas.
A Air Berlin apresentou um pedido de falência na terça-feira, 15, após a sua principal acionista, a Etihad Airways, com sede no Abu Dhabi, ter recusado injetar mais capital na empresa.
No último ano, a Air Berlin entrou em roda livre e começou a perder passageiros. No passado mês de julho, aquela que é a segunda maior companhia de aviação da Alemanha registou uma quebra de 25% no número de lugares vendidos, em relação ao período homólogo do ano anterior.
A empresa encontra-se em reestruturação desde Setembro do ano passado, tendo reduzido o número de rotas em mais de dois terços, de 387 para menos de 100. A sua frota foi também reduzida para 75 aviões, no âmbito de um acordo de cedência de 38 aviões em regime de leasing à Eurowings, subsidiária da Lufthansa. Na altura, o acordo foi denunciado pelo CEO da Ryanair, Michael O’Leary, que acusou a Lufthansa de tentar “dominar o mercado. Controla o seu maior concorrente, faz os preços e decide as rotas. E as autoridades alemãs não fazem nada”.
Em Janeiro, a redução do número de rotas da Air Berlin teve reflexos em Portugal. As rotas de Viena e Munique para o Porto passaram a ser asseguradas pela Eurowings, enquanto no Funchal, Ponta Delgada e Faro as ligações passaram a ser operadas pela austríaca Niki. Os voos para Lisboa foram interrompidos.