A procura para a subscrição de ações no aumento de capital do BCP, que está agora na fase final, ultrapassou largamente a oferta e chegaria para levantar três mil milhões de euros, cerca do dobro do montante em jogo: 1,33 mil milhões de euros.
O prazo para o registo das ações e a posição qualificada de atuais e novos acionistas só deverá ser comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no final da próxima semana, mas tudo indica que as posições relativas dos dois principais acionistas – Fosun e Sonangol – não se distanciem muito da que foi publicada em novembro do ano passado.
Depois das negociações com a Fosun, ocorridas no segundo semestre do ano passado, o grupo empresarial chinês tornou-se o primeiro acionista do banco fundado por Jardim Gonçalves. Em Dezembro do ano passado, e depois de um investimento direto de 175 milhões de euros, a Fosun destronava a Sonangol, ficando com 16,7 % do capital. Até então, a petrolífera do estado angolano, Sonangol, era de longe a maior acionista, com 18% do capital, a larga distancia do segundo maior, o banco espanhol Sabadell, com pouco mais de 5%.
Reorganização estrutura acionista
Mas a recapitalização do BCP passou também por uma reorganização da sua estrutura acionista. E a VISÃO sabe que houve negociações prévias entre a Sonangol – dirigida agora por Isabel dos Santos – e os chineses da Fosun, para que se chegasse a um certo entendimento. E logo no ano passado, a Sonangol – a braços com algumas dificuldades de liquidez e até de financiamento – vê a sua posição relegada para segundo lugar, ficando com perto de 15% do BCP.
Esta posição deverá manter-se após este aumento de capital de 1,33 milhões de euros, já que a Sonangol decidiu usar todos os seus direitos, disponibilizando cerca de 200 milhões de euros na compra de ações, para manter a sua posição.
Já a Fosun, sabe-se que não só acompanhou o aumento de capital, como ainda comprou direitos para aumentar a sua posição. Por isso, no mínimo manterá os 17%.
Por último, ambos os acionistas têm já permissão para ultrapassarem os 30% na estrutura de capital, o que aponta para um alinhamento de objetivos quanto ao futuro do banco.