Em Espanha, como em Portugal, a lei determina que, regra geral, a jornada de trabalho diária não pode ultrapassar as oito horas, sendo o limite semanal as 40 horas. Naturalmente, haverá sempre exceções a esta regra, acordos de empresa, bancos de horas, pagamento de horas extraordinárias, etc.
No entanto, embora o trabalho efetivo seja de oito horas diárias, os espanhóis acabam por ter uma jornada de 11 horas, devido aos intervalos e às longas horas de almoço. Normalmente, começam a laborar às 9h00, fazem um intervalo de manhã, saem para almoçar às 14h00 e regressam duas ou três horas depois, para só saírem pelas 20h00.
Não se janta antes das 21h00 nem se dorme antes da meia-noite. As horas de repouso pós-laboral sabem a pouco e isso tem efeitos na produtividade, já para não falar nas consequências sentidas na vida familiar.
“Chamamos-lhe um dia de trabalho religioso: começamos e acabamos quando Deus quer”, ironiza Nuria Chinchilla, especialista em Trabalho na IESE Business School, em declarações ao jornal The Guardian.
“É mau e afeta a capacidade das pessoas de criarem os seus filhos e de passarem tempo com eles depois da escola. Os trabalhadores dormem menos uma hora do que deviam, são menos produtivos e mais dados a acidentes de trabalho. É realmente irracional”, continua a especialista.
Este horário de trabalho, mais próprio de uma sociedade agrícola do que de uma economia “de escritório”, está também a ser contestado pelo próprio Governo. A ministra do Emprego quer “adaptar o mercado de trabalho à quarta revolução industrial” e anunciou a intenção do Executivo de fazer terminar a jornada de trabalho às 18h00.
“Alguém tinha de dar o primeiro passo e eu peço o apoio das grandes empresas, das associações patronais e dos sindicatos”, acrescentou a ministra, Fátima Báñez.
Esta proposta do Governo de Mariano Rajoy surge depois do executivo da Catalunha ter prometido alinhar os horários laborais com o resto da Europa, tencionando terminar com os longos dias de trabalho e com os jantares tardios.
Outra proposta a ser considerada é o regresso da Espanha ao fuso horário do Meridiano de Greenwich (GMT), que é o de Londres e o de Lisboa. Em 1942, o general Franco mudou o fuso horário espanhol para o alinhar com a Alemanha de Adolf Hitler.
